Greg Jardin, conhecido por dirigir videoclipes e curtas-metragens, faz sua estreia no cinema com o suspense “Identidades em Jogo”, lançado em 2024 pela Netflix. O cineasta também é responsável pelo roteiro, que desenvolve uma trama intrigante de troca de identidades. O filme evolui para um enredo complexo, com um plot twist inesperado, visualmente marcante, envolvente e, ao mesmo tempo, divertido.
“Identidades em Jogo” surpreende de forma agradável. A história começa com Cyrus (James Morosini) e Shelby (Britany O’Grady), um casal junto há nove anos cuja relação está presa em uma rotina tediosa e frustrante. A monotonia é interrompida quando recebem um convite para a festa de noivado de Reuben (Devon Terrell), um antigo colega de faculdade, em uma propriedade isolada pertencente à família do noivo.
Logo fica claro o desconforto entre os amigos, cuja conexão do passado parece agora uma memória distante. Cada um seguiu seu caminho, e as afinidades que outrora os uniam agora se diluíram no tempo. O elenco, composto por atores relativamente desconhecidos do grande público, surpreende com interpretações marcantes, fruto da direção habilidosa e cuidadosa de Jardin, que soube extrair o melhor de cada um.
Cyrus é mostrado como um namorado desleal, e Shelby logo se sente intimidada pela presença de Nikki (Alycia Debnam-Carey), uma modelo e influente superficial que parece exercer grande magnetismo sobre os demais. Outros personagens compõem o grupo: Maya (Nina Bloomgarden), uma jovem mística; Brooke (Reina Hardesty), uma asiática de personalidade forte; Dennis (Gavin Leatherwood), o típico popular; e o próprio Reuben, o noivo.
Cada um deles traz uma personalidade distinta para o grupo, e as interações iniciais evocam lembranças dos tempos universitários, revelando tanto conexões quanto distanciamentos. A chegada de Forbes (David Thompson), um ex-colega expulso da universidade após um incidente misterioso, traz consigo uma virada na trama. Ele carrega uma mala enigmática, cujo conteúdo é um aparelho que promete um jogo surreal e hipnotizante: os participantes conectam eletrodos às têmporas, e, ao apertar um botão, suas almas trocam de corpo. A dinâmica do jogo gira em torno de adivinhar quem está habitando o corpo de quem.
Assim que o jogo começa, o clima de diversão e leveza logo dá lugar à exploração das identidades trocadas, permitindo aos personagens cometerem atos que nunca fariam em suas próprias peles. O passado sombrio de suas vidas universitárias, ressentimentos e ambições reprimidas vêm à tona, desencadeando comportamentos perigosos e irracionais. Quando uma tragédia inesperada acontece durante a festa, os amigos se veem forçados a tomar decisões extremas para reverter as trocas e recuperar seus corpos.
À medida que a trama avança, a tensão cresce e cada ator tem a oportunidade de explorar novos limites em suas performances, interpretando diferentes personalidades dentro dos mesmos corpos. Isso dá ao elenco a chance de demonstrar uma versatilidade impressionante, intensificando o drama e o suspense. A estética visual do filme é outro destaque: Jardin utiliza uma paleta vibrante de cores neon para intensificar as emoções e distinguir os personagens. Além disso, o uso de efeitos de câmera, telas divididas e uma abordagem visual estilizada dão dinamismo e simbolismo às cenas, elevando a experiência narrativa.
Os diálogos são perspicazes, e momentos de humor pontuam a narrativa, aliviando a tensão em momentos-chave e tornando a experiência tanto aterrorizante quanto divertida. “Identidades em Jogo” oferece uma mistura envolvente de suspense psicológico, comédia e drama, conduzido por um elenco talentoso e uma direção inspirada.
Filme: Identidades em Jogo
Direção: Greg Jardin
Ano: 2024
Gêneros: Thriller/Suspense/Comédia
Nota: 9/10