388 dias no Top 10 da Netflix: o filme favorito dos fãs do cinema de ação nos últimos 5 anos Divulgação / Upi

388 dias no Top 10 da Netflix: o filme favorito dos fãs do cinema de ação nos últimos 5 anos

“Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw” se destaca de maneira singular dentro do universo da franquia “Velozes e Furiosos”. Embora mantenha o ritmo alucinante e a adrenalina que os fãs esperam, o filme dirigido por David Leitch opta por um tom mais leve e cômico, explorando uma nova camada de humor em meio à ação. Posicionado entre “Velozes e Furiosos 8” (2017), dirigido por F. Gary Gray, e “Velozes e Furiosos 9” (2021), de Justin Lin, este spin-off se desvia dos padrões rígidos que marcaram a série por mais de duas décadas. Essa liberdade criativa permite que Leitch mergulhe mais fundo nas complexidades morais de seus personagens, algo frequentemente suavizado em diálogos repletos de trocadilhos, habilmente escritos por Chris Morgan, Drew Pearce e Gary Scott Thompson. O que torna o filme peculiar é a dinâmica entre dois protagonistas brutamontes que, apesar de suas divergências, são forçados a trabalhar juntos em prol de um objetivo maior.

Em “Velozes e Furiosos 9”, vemos Vin Diesel como Dominic Toretto, enfrentando um momento crítico em sua carreira, onde uma reviravolta inesperada ameaça seu domínio. O personagem lida com desafios como um adversário mais potente e um traçado traiçoeiro que pode custar sua vitória. Enquanto isso, Jason Statham e Dwayne Johnson, nos papéis de Deckard Shaw e Luke Hobbs, mostram que há mais profundidade a ser explorada em filmes de ação voltados ao grande público. A dupla não apenas participa de cenas de ação grandiosas, mas também instiga reflexões mais amplas, revelando que até os filmes mais voltados para o entretenimento descompromissado podem carregar mistérios e debates filosóficos. 

Ao contrário do esperado, “Velozes e Furiosos 9” cria reações ambíguas, gerando uma empolgação quase infantil entre os espectadores ao mesmo tempo em que provoca críticas mais severas. Justin Lin, conhecido por seu trabalho detalhista em outras produções da série, traz uma visão que, embora controversa, desafia expectativas. Ele não apenas coloca seus personagens em cenas de ação explosivas, mas também entrega algo que parece ir além das clássicas perseguições cheias de adrenalina. Em “Hobbs & Shaw”, por outro lado, Statham e Johnson encaram a ação com mais planejamento e método, mantendo o humor e a ironia sempre presentes.

O filme até encontra espaço para referências inesperadas, como ao clássico moderno “Blade Runner 2049” (2017), de Denis Villeneuve, que, décadas após o original de Ridley Scott, revitalizou o debate sobre a relevância de produtos culturais em seus contextos históricos. Assim como Villeneuve provoca com suas interpretações futuristas, “Hobbs & Shaw” também questiona as noções estabelecidas sobre o que é esperado em um filme da franquia. Idris Elba, no papel do antagonista Brixton Lore, e Vanessa Kirby, como a agente Hattie Shaw, se juntam à dupla principal, contribuindo para um espetáculo apocalíptico, mas estilizado de maneira envolvente e coerente.

Definitivamente, “Hobbs & Shaw” se destaca como uma proposta ousada dentro de “Velozes e Furiosos”, oferecendo algo mais do que apenas ação e adrenalina. Este capítulo traz um frescor inesperado e desafia o público a enxergar além das corridas de rua e dos carros tunados.


Filme: Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw
Direção: David Leitch
Ano: 2019
Gêneros: Ação/Aventura
Nota: 8/10