O filme perfeito na Netflix para esquecer que é segunda-feira: 110 minutos de risadas sem culpa

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O fascínio humano pelo amor tem uma maneira curiosa de igualar a todos, derrubando barreiras e expondo fraquezas de maneira quase embaraçosa. Sem necessidade de sermos diretamente atingidos, basta que observemos alguém flutuando em êxtase, como se não tocasse o chão, com aquele brilho nos olhos de quem encontrou algo extraordinário. Esse contentamento alheio, muitas vezes, contagia os que já vivem uma história de afeto e instiga uma pontinha de inveja em quem ainda busca a sua metade. Contudo, nenhuma dessas nuances sentimentais se faz presente em “Como Perder um Homem em 10 Dias”, uma comédia romântica que escolhe, de forma bem-humorada, zombar dos excessos e confusões típicos dos relacionamentos amorosos.

Com habilidade no gênero, Donald Petrie conduz a trama que, mais do que sobre amor, versa sobre uma aposta arriscada. De um lado, temos um publicitário com fama de conquistador, do outro, uma jornalista desiludida com os homens, ambos envolvidos em um jogo que desafia os limites da razão e da ética. Kristen Buckley, Michelle Alexander e Jeannie Long, adaptando seu livro original de 1998, adicionam uma camada extra de intensidade às situações quase absurdas que Petrie traz à vida na tela. O resultado? Um embate de gato e rato que, se dependesse das leis da realidade, teria pouca chance de um final feliz. Mas estamos no mundo do cinema, onde as regras são bem diferentes.

O mistério que o amor representa para a humanidade remonta aos primórdios da nossa existência. Desde os tempos das cavernas, quando nossos ancestrais deixavam marcas rudimentares de suas emoções nas paredes, até os dias de hoje, em que buscamos respostas claras para os enigmas da paixão, o desconhecido sempre nos instigou. E o amor, essa força imprevisível, costuma aparecer nos momentos mais inesperados, desafiando qualquer noção de controle que acreditamos ter sobre nossas vidas. Ele surge nas curvas mais incertas da jornada, nos pegando de surpresa quando pensamos que já temos todas as respostas.

É justamente nesse contexto de incerteza e vulnerabilidade que “Como Perder um Homem em 10 Dias” se torna divertido. A comédia encontra seu ritmo quando Ben Barry, interpretado com carisma por Matthew McConaughey, se compromete a seduzir qualquer mulher em nome de uma promoção em sua carreira. Seu desafio é conquistar uma mulher e mantê-la interessada por dez dias, o que, se bem-sucedido, lhe garantirá o controle de uma lucrativa campanha de joias. Porém, o destino, sempre brincalhão, coloca em seu caminho Andie Anderson, uma jornalista cuja missão é justamente o oposto: fazer com que qualquer homem se apaixone perdidamente por ela, apenas para depois ser descartado em pouco mais de uma semana. Assim, ambos os protagonistas se veem envolvidos em uma trama que é tão absurda quanto cômica.

A direção de Petrie acerta ao transformar encontros inicialmente desastrosos, e até desconfortavelmente embaraçosos, em momentos de leveza e risadas. Ao jogar com as coincidências e a ironia das situações, ele faz com que o público se identifique com a jornada de Ben e Andie. Afinal, quem nunca se viu preso em uma dinâmica amorosa cheia de jogos de poder e estratégias tortuosas? O espectador, ao assistir, reconhece partes de si em ambos os personagens, e isso torna a experiência ainda mais envolvente. No final das contas, seja no amor, na guerra ou no afã de garantir sucesso profissional, a máxima “vale tudo” parece fazer sentido, e é justamente essa combinação de caos e diversão que faz o filme funcionar tão bem.

Essa narrativa, repleta de momentos hilários e exagerados, garante o riso fácil, mas também convida à reflexão sobre os absurdos que cometemos em nome do amor e da ambição.


Filme: Como Perder um Homem em 10 Dias
Direção: Donald Petrie
Ano: 2003
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 8/10