Você nunca ouviu falar, mas a Netflix tem a história de amor mais encantadora e fofa dos últimos anos Divulgação / Pandastorm Pictures

Você nunca ouviu falar, mas a Netflix tem a história de amor mais encantadora e fofa dos últimos anos

A produção lançada em 2016 acompanha Carlos e Irene, dois desconhecidos que se encontram por acaso em uma livraria. Em meio a uma conversa descontraída, Irene propõe um jogo curioso: os dois deverão continuar a se encontrar, mas sem compartilhar nada sobre suas vidas reais, como suas identidades ou histórias pessoais. Não poderão, também, adicionar-se nas redes sociais ou deixar que qualquer envolvimento amoroso surja entre eles. À medida que os encontros progridem, o jogo se mantém, e as conversas carregadas de mistério e incertezas criam uma atmosfera onde nem tudo parece verdadeiro.

Contudo, Carlos leva uma vantagem não revelada. Antes de sua primeira interação, ele já havia visto Irene, abalada, após o término de um relacionamento. Carlos reconhece sua vulnerabilidade, sabendo que ela se recupera de um rompimento recente. Com o tempo, eles compartilham fragmentos de suas experiências passadas e, ironicamente, descobrem que seus ex-parceiros agora estão juntos. Em meio a essa complexidade emocional, ambos se apoiam, tentando lidar com suas perdas, enquanto navegam por novos sentimentos que os aproximam.

Enquanto isso, o personagem de Carlos lida com seu próprio bloqueio criativo, incapaz de escrever e encontrar sua voz. Nos diálogos com Irene, ele vê uma oportunidade de reconectar-se consigo mesmo, redescobrindo desejos e propósitos que haviam sido sufocados em seu casamento. A trama aborda não apenas as dinâmicas de relacionamentos, mas também a luta para resgatar a individualidade perdida no processo. Irene e Carlos, apesar do pacto de não se apaixonarem, lentamente começam a criar um vínculo afetivo inevitável, e suas conversas, marcadas por longos diálogos, trazem reflexões profundas sobre amor, identidade e o ato de seguir em frente.

A direção busca misturar humor e drama, enquanto o enredo se desenrola com cenas que mesclam descontração e intensidade emocional. O jogo proposto por Irene, que inicialmente parecia uma distração, aos poucos se torna uma jornada de cura para ambos. Quando os dois se deparam com seus ex-companheiros juntos, Carlos se vê diante de um dilema: sua esposa, ao perceber o que perdeu, pede para retomar o casamento. O protagonista, então, é forçado a confrontar seus próprios sentimentos e decidir entre seguir em frente ou voltar ao relacionamento que o fez perder parte de si.

Carlos, um roteirista que há tempos perdeu a capacidade de criar, encontra nas interações com Irene uma forma de recuperar sua inspiração. Durante o filme, a metáfora do bloqueio criativo se entrelaça com a narrativa de reencontro consigo mesmo, questionando até que ponto as pressões de um relacionamento podem suprimir o indivíduo. A trama, com uma estética focada nos diálogos, não se limita a uma simples história de amor, mas convida o espectador a refletir sobre as expectativas sociais e os papéis que desempenhamos nos relacionamentos.

“Nuestros Amantes” oferece uma experiência delicada, propondo uma análise sobre como lidamos com a perda e a reconstrução após o fim de um amor. Ele explora as nuances das conexões humanas e a maneira como, muitas vezes, é preciso perder para redescobrir a própria essência.


Filme: Nuestros Amantes
Direção: Miguel Ángel Lamata
Ano: 2016
Gênero: Comédia / Romance/ Drama
Nota: 7/10