A magia das bruxas veio de uma raça antiga, espalhada pelos milênios, porém cheia de poderes. Essas criaturas entre furiosas e indefesas vivem secretamente no meio dos homens desde o princípio dos tempos, escapando de julgamentos morais e perseguições, e gozariam de toda autonomia caso obedecessem a uma regra: jamais usar de encantos contra os seres humanos. Há quem anseie pela volta dos velhos tempos, os dias sombrios em que a Rainha das Bruxas mandava em todas as feiticeiras deste e de outros mundo, e são esses os que um soldado muito especial tem por missão combater.
Há oitocentos anos, o personagem-título de “O Último Caçador de Bruxas” serve à Machado e Cruz, uma entidade voltada ao equilíbrio das manifestações da natureza e das forças ocultas, guardando a paz e liderando a tão singular guerra entre planos nos momentos em que essa frágil harmonia é ameaçada; entretanto, o diretor Breck Eisner consegue tirar seu filme do automático e imprimir-lhe algum estilo, usando de expedientes ora simples, ora refinados, variação bem-pontuada no roteiro de Cory Goodman, Matt Sazama e Burk Sharpless da qual apropriam-se os dois astros do longa numa parceria tão insólita quanto cativante.
Kaulder, o exterminador de bruxas vivido por Vin Diesel, foi condenado aviver para sempre pela Rainha Bruxa após um enfrentamento em que a vilã de Julie Engelbrecht leva a pior, e agora vaga pela Terra esperando o próximo chamado. Depois de uma introdução frenética, entra em cena o padre vivido por Michael Caine, com quem partilha as boas lembranças que emanam de décadas de histórias macabras, até que também se vai. Nesse movimento, Kaulder descobre um arranjo para fazer com que a Rainha Bruxa, morta há séculos, torne à vida, e então “O Último Caçador de Bruxas” passa a um thriller sobrenatural com direito a uma investigação sobre um livro de Ellic, que por seu turno indica Max Schlesinger, o confeiteiro cego capaz de transformar mariposas em quitutes psicodélicos interpretado por Isaach De Bankolé, e Belilal, um mago gorducho e de barba desgrenhada especialista em rogar pragas.
“O Último Caçador de Bruxas” funciona basicamente apoiado na figura de Diesel, ao menos nos primeiros lances. Passado algum tempo, Eisner, espertamente, conclui que o enredo precisa de mais substância e aposta em brincadeiras com temas escatológicos que remetem a “O Exército do Extermínio” (1973), de George Romero (1940-2017), malgrado o antirromance entre Kaulder e Chloe, a jovem bruxa de Rose Leslie, ganhe corpo. Sentimentalismo que cai bem em tramas (quase) assustadoras como essa.
Filme: O Último Caçador de Bruxas
Direção: Breck Eisner
Ano: 2015
Gêneros: Ação/Fantasia/Aventura
Nota: 8/10