Baseado em história real apavorante e desesperadora, suspense com atuação brilhante de Eddie Redmayne está na Netflix JoJo Whilden / Netflix

Baseado em história real apavorante e desesperadora, suspense com atuação brilhante de Eddie Redmayne está na Netflix

O suspense “O Enfermeiro da Noite” marca a estreia de Tobias Lindholm na direção de um longa em língua inglesa. Baseado no livro de Charles Graeber, o filme mergulha na perturbadora trajetória de Charlie Cullen, um dos mais prolíficos assassinos em série da história dos Estados Unidos. Lindholm, reconhecido por seu trabalho no cinema dinamarquês e pela colaboração com Thomas Vinterberg em obras premiadas como “Druk — Mais Uma Rodada” e “A Caça”, traz para este filme uma abordagem densa e claustrofóbica. O filme já surge como um forte concorrente para a temporada de premiações, com destaque para a performance de Eddie Redmayne, que já conquistou um Oscar por seu papel em “A Teoria de Tudo”.

A trama gira em torno de Cullen, que utilizava seu cargo de enfermeiro para cometer uma série de assassinatos silenciosos e meticulosamente executados. Ao longo de sua carreira, ele trabalhou em 12 hospitais diferentes, todos localizados nos Estados Unidos, onde, sob o manto da confiança de seus superiores e colegas, causou a morte de mais de 400 pacientes. Seu modus operandi envolvia a adulteração de bolsas de soro com doses fatais de insulina e digoxina, substâncias que silenciosamente envenenavam suas vítimas. O filme não apenas expõe os crimes cometidos por Cullen, mas também questiona o papel dos hospitais que, mesmo cientes das irregularidades, preferiam demiti-lo discretamente ao invés de denunciá-lo, em uma clara tentativa de evitar escândalos e processos judiciais. A história só foi desvendada graças à enfermeira Amy Loughren, uma personagem crucial na narrativa que, com astúcia e coragem, ajudou a levar Cullen à confissão e à justiça.

A força de “O Enfermeiro da Noite” reside não apenas em seu enredo, mas nas interpretações intensas de Redmayne e Jessica Chastain. Redmayne entrega uma atuação inquietante, capturando a frieza e o desvario de Cullen, especialmente na cena de seu interrogatório, onde sua recusa em cooperar revela a profundidade de sua psicopatia. Já Chastain brilha em uma das cenas mais tensas do filme: ao chegar em casa e encontrar Cullen sozinho com suas duas filhas, a enfermeira Amy precisa disfarçar seu pânico e agir normalmente, mesmo sabendo que está frente a frente com um assassino. A tensão cresce à medida que ela, com habilidade, consegue afastar Cullen de sua casa, para depois sucumbir em um misto de desespero e alívio, proporcionando ao público um momento de pura catarse.

O filme vai além de um simples retrato de um serial killer, explorando questões profundas sobre a banalidade do mal. Cullen, ao ser condenado a 11 sentenças de prisão perpétua, tornou-se um símbolo da perversidade que pode se esconder em figuras aparentemente comuns. A narrativa nos faz refletir sobre quantas outras pessoas, assim como ele, podem estar agindo impunemente, apenas porque encontram meios de perpetuar sua crueldade sem serem detectadas. Lindholm, com sua direção meticulosa e uma fotografia gélida, cria uma atmosfera sombria que envolve o espectador e o mantém preso à tela do início ao fim. “O Enfermeiro da Noite” é uma obra envolvente que não só destaca a falibilidade das instituições, mas também a força e resiliência dos indivíduos que, como Amy Loughren, se recusam a aceitar o mal como uma fatalidade.


Filme: O Enfermeiro da Noite
Direção: Tobias Lindholm
Ano: 2022
Gênero: Suspense
Nota: 10/10