Thriller de suspense com Morgan Freeman, baseado em fenômeno literário com mais de 300 milhões de cópias vendidas, na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

Thriller de suspense com Morgan Freeman, baseado em fenômeno literário com mais de 300 milhões de cópias vendidas, na Netflix

A série de livros que acompanha o detetive Alex Cross, escrita por James Patterson e com mais de 300 milhões de exemplares vendidos, já foi adaptada diversas vezes para o cinema. Em “Beijos Que Matam” (1997), sob a direção de Gary Fleder, e “Na Teia da Aranha” (2001), ambos estrelados por Morgan Freeman, o público foi introduzido ao intrigante personagem. Já em 2012, foi a vez de Tyler Perry assumir o papel em “Alex Cross”. No entanto, é “Beijos Que Matam” que marca a primeira aparição do detetive nas telonas, trazendo à trama a doutora Kate McTiernan (Ashley Judd), vítima que escapa das garras de um sequestrador em série e se une a Cross na busca por justiça.

O filme apresenta um sequestrador que se autodenomina Casanova, um criminoso cruel que mantém suas vítimas em cativeiros ocultos em porões de uma casa isolada na floresta, onde pratica torturas físicas e abusos sexuais. As vítimas são sempre mulheres jovens, fortes e de destaque, o que torna o crime ainda mais aterrorizante. Com o desenrolar das investigações, Alex Cross percebe que o vilão não atua sozinho, levantando a hipótese de que ele conta com cúmplices que facilitam seus crimes, tornando a caçada ainda mais complexa.

A personagem de Kate McTiernan desempenha um papel essencial ao longo da narrativa, evidenciando o poder e a resiliência femininos. Mesmo após suportar traumas profundos, incluindo um quase afogamento e o estresse pós-traumático subsequente, ela se torna peça-chave na captura do sequestrador e na libertação de suas colegas de cativeiro. A dedicação de Ashley Judd à personagem foi evidente não só na sua atuação emocionalmente intensa, mas também no preparo físico; a atriz participou de treinos de artes marciais para as cenas de ação, realizando pessoalmente muitas das sequências perigosas. No entanto, por segurança, a produção impediu que ela realizasse uma cena de queda livre de uma cachoeira de 50 metros, para a qual foi utilizada uma dublê.

A química entre Judd e Freeman contribui fortemente para o sucesso da obra. Ambos os atores, que já haviam trabalhado juntos em produções como “Crimes em Primeiro Grau” e “Invasão à Casa Branca”, compartilham uma dinâmica convincente em cena, o que enriquece ainda mais a narrativa. O filme foi rodado em diversas locações, passando pela Carolina do Norte e Los Angeles, além de utilizar estúdios da Paramount, onde a atmosfera de tensão foi capturada de maneira magistral.

A cinematografia de Aaron Schneider é um destaque à parte, com uma forte influência noir. O uso predominante de sombras profundas e paletas de cores escuras intensifica o clima de mistério e perigo que permeia o filme. Técnicas como o uso de uma lente de dioptria, que permite focar dois personagens em diferentes distâncias, somado ao contraste entre luz e sombra, proporcionam uma estética visual única e imersiva, lembrando o estilo de Brian De Palma em suas obras.

Com sua abordagem sólida do gênero investigativo, “Beijos Que Matam” se posiciona como um marco dos thrillers policiais dos anos 1990, ao lado de clássicos como “O Silêncio dos Inocentes” e “Se7en”. O filme, agora disponível na Netflix, continua a ser referência para amantes do suspense e mantém seu lugar entre as adaptações mais eficazes de livros para o cinema.


Filme: Beijos Que Matam
Direção: Gary Fleder
Ano: 1997
Gênero: Drama/Policial/Mistério
Nota: 8

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.