“Lola”, dirigido pela cineasta francesa Lisa Azuelos, oferece uma visão adolescente sobre as inquietações de amadurecimento, trazendo à tona dilemas que, embora corriqueiros, podem carregar um peso emocional profundo. A nostalgia de tempos sem grandes responsabilidades, quando as únicas preocupações envolvem dramas juvenis, permeia a trama. Sem a pressão de pagar contas ou lidar com problemas mais adultos, o foco de Lola recai sobre questões emocionais e afetivas que, na juventude, parecem o centro do universo.
A protagonista, vivida por Miley Cyrus, começa a perceber que a vida exige mais que saciar desejos imediatos. Conforme toma consciência de suas ações e decisões, Lola precisa enfrentar as consequências de suas escolhas impulsivas, retratando uma jornada típica, porém cheia de turbulências, rumo à maturidade.
Azuelos, em parceria com Kamir Aïnouz e Nans Delgado, constrói uma protagonista cujas reações parecem previsíveis, mas que revelam o impacto de seus deslizes. A vida noturna de Lola — passada entre saídas com amigos e conversas intermináveis nas redes sociais — gradualmente se entrelaça com os desafios emocionais que surgem quando ela se vê traída pelo namorado Chad, interpretado por George Finn. A traição abre caminho para uma sequência de mal-entendidos e ações impulsivas que levam a protagonista a reavaliar sua vida.
Enquanto Miley Cyrus lidera boa parte do tempo em tela, Douglas Booth, como Kyle, oferece a performance mais memorável do filme. Seu carisma sustenta o desenvolvimento previsível da narrativa, oferecendo um contraste revigorante com os clichês adolescentes que dominam a trama. Ele surge como a âncora emocional de Lola, ajudando-a a navegar seus problemas e oferecendo uma leveza bem-vinda, apesar das cenas previsíveis.
No entanto, “Lola” não escapa de uma série de convenções típicas do gênero. As interações familiares, como o relacionamento de Lola com sua mãe, Anne (Demi Moore), e a subtrama envolvendo o investigador James (Jay Hernandez), adicionado para criar tensão sobre o uso de substâncias pela protagonista, não conseguem elevar o filme a algo além do esperado. Mesmo o relacionamento de Lola com Kyle, embora afetuoso, segue uma trajetória que o público já conhece bem.
Apesar de alguns momentos genuínos, a produção se perde em uma repetição de fórmulas que tentam capturar a essência da adolescência, mas acabam, em grande parte, reforçando estereótipos.
Filme: Lola
Direção: Lisa Azuelos
Ano: 2012
Gêneros: Romance/Comédia
Nota: 7/10