Ambientada em Roma, a melhor comédia romântica da Netflix é uma divertida e sensível aula sobre a busca pelo amor Divulgação / Netflix

Ambientada em Roma, a melhor comédia romântica da Netflix é uma divertida e sensível aula sobre a busca pelo amor

Na busca por uma vida mais satisfatória, encontrar alguém que nos compreenda, apoie e esteja ao nosso lado nos momentos cruciais pode ser uma das maiores realizações. A essência de um relacionamento amoroso, sem as ilusões românticas, reside na capacidade de manter a felicidade quando o amor é a única constante ao longo dos anos. No entanto, a chance de conhecer alguém que nos inspire a preservar essa força é algo que não podemos controlar ou prever, sendo mais uma questão do acaso do que de esforço.

Poucos filmes têm a coragem de expor as vulnerabilidades dos relacionamentos amorosos, independentemente da fase em que se encontram. Duas pessoas genuinamente interessadas uma na outra, sem intenções ocultas, já é algo raro hoje em dia. Quando isso acontece, torna-se necessário delinear o caminho para que o vínculo floresça de fato. À primeira vista, a abordagem parece fria, mas a produção dirigida por Alessio Maria Federici trata o tema do amor com uma honestidade rara. Baseado em um roteiro preciso de Martino Coli, o filme foge dos clichês sobre almas gêmeas e fidelidade eterna, rompendo com as ilusões propagadas por uma indústria cinematográfica que, por décadas, escondeu seus próprios escândalos enquanto vendia idealizações baratas de relacionamentos perfeitos e inatingíveis.

O filme encara o amor de maneira leve, quase como um jogo, onde a troca de olhares e mensagens carrega uma carga de desejo, sem comprometer aspectos essenciais da vida como a carreira, liberdade e os laços anteriores ao romance. Nessa narrativa, a paixão não supera a importância da independência pessoal. O filme começa quando dois amigos, Matteo e Dario, conhecem Giulia e Chiara durante um jantar. A partir daí, o diretor conduz a trama de forma ágil e habilidosa, entrelaçando histórias de modo a confundir o público sobre o verdadeiro destino de cada casal.

Ao longo da trama, a confusão sobre quem está com quem alimenta a reflexão de como a vida dos personagens poderia ser diferente se tivessem tomado outras decisões. Essa dúvida é o ponto alto do roteiro de Coli, que explora como os personagens desvendam suas verdadeiras naturezas ao longo do tempo, enquanto o elenco, em sintonia, dá vida à complexidade das relações. O filme se destaca por evitar cair nas armadilhas das comédias românticas convencionais, trazendo uma sátira social elegante e envolvente.

A habilidade do diretor em embaralhar as linhas narrativas mantém o ritmo da história, que em certos momentos avança rapidamente, mas o maior triunfo do filme é envolver o espectador nesse jogo emocional. Os protagonistas se tornam espelhos de nossa própria incerteza sobre o amor, enquanto o público é levado a vibrar com as reviravoltas e hesitar sobre quem apoiar. Os atores compreendem bem a proposta e dão ao filme um toque de caos e autenticidade, representando com precisão os desafios de construir um relacionamento nos tempos atuais, sem a necessidade de tomar partido sobre o que é certo ou errado. O filme nos lembra que o amor é uma experiência singular, diferente para cada pessoa.


Filme: Mesa para Quatro
Direção: Alessio Maria Federici
Ano: 2021
Gênero: Comédia romântica/Romance
Nota: 8/10