Thriller de ação eletrizante de Zack Snyder que ficou por 3 semanas no TOP 10 de mais de 30 países, na Netflix Stanislav Honzik / Netflix

Thriller de ação eletrizante de Zack Snyder que ficou por 3 semanas no TOP 10 de mais de 30 países, na Netflix

Personagens excêntricos com carisma único, inteligência afiada e humor cortante, que acabam se enveredando pelo mundo do crime, sempre tiveram um lugar cativo na história do cinema. “Exército de Ladrões: Invasão da Europa” utiliza essa fórmula clássica, mas com um toque de originalidade, que o diferencia e garante sua relevância.

Ludwig Dieter, o protagonista interpretado por Matthias Schweighöfer, que também dirige o filme, já havia cativado o público seis meses antes em “Army of the Dead”, de Zack Snyder, o criador da narrativa original. O impacto positivo do personagem foi tão expressivo que seu retorno em “Exército de Ladrões”, um prelúdio do filme anterior, veio como uma evolução natural e bastante esperada. O conceito de desenvolver uma obra que antecede outra é, por si só, um desafio instigante tanto para o elenco quanto para o diretor e, claro, para o público.

Diferentemente da ação repleta de zumbis em “Army of the Dead”, “Exército de Ladrões” foca em um assalto elaborado, destacando-se pelo planejamento meticuloso e pela habilidade dos personagens envolvidos. O interessante aqui é como ambos os filmes, apesar de conectados, seguem trajetórias independentes, cada um com uma narrativa autossuficiente, capaz de manter a atenção dos espectadores por conta própria. Este prelúdio, com suas mais de duas horas de duração, oferece uma experiência intensa, porém mais linear e dinâmica em comparação com as quase duas horas e meia de “Army of the Dead”.

Um dos grandes trunfos do filme é, sem dúvida, o magnetismo de Matthias Schweighöfer, cuja presença em tela e direção firme sustentam a trama de forma convincente. Seu carisma, combinado com o universo introduzido em “Army of the Dead”, proporciona inúmeras conexões, possibilitando futuros spin-offs que podem explorar ainda mais o potencial dos personagens. Vale ressaltar que, embora exista essa interconexão entre os dois filmes, cada um trilha seu próprio caminho, sem depender do sucesso ou da narrativa do outro para se destacar. O filme anterior não exige o êxito de “Exército de Ladrões” para permanecer relevante, e vice-versa.

Na direção, Schweighöfer demonstra um controle notável da narrativa, equilibrando o ritmo do filme com uma fluidez que garante o interesse do público do início ao fim. Sua habilidade como ator é amplamente reconhecida, e sua transição para a direção não deixa a desejar, entregando um produto visualmente sofisticado e com uma estética apurada. Aqui, ele conta com a colaboração de Zack Snyder, que imprime sua assinatura em momentos chave do filme, elevando a obra a um patamar de entretenimento onde cada elemento é cuidadosamente pensado para compor um todo coeso.

Uma das reflexões mais sutis que o filme propõe é a inutilidade inerente à vida criminosa. Embora o charme dos personagens e a astúcia do plano de assalto sejam centrais à narrativa, há uma sensação de que, por mais elaborados que sejam seus crimes, eles acabam caindo em um ciclo que nunca traz verdadeiras recompensas. O filme explora essa dinâmica com uma leveza que o torna mais atraente, sem deixar de ser instigante.

Além disso, o ritmo mais linear de “Exército de Ladrões” em comparação com “Army of the Dead” oferece ao espectador uma experiência mais acessível, sem sacrificar a complexidade dos personagens ou a profundidade do enredo. A trilha sonora, a montagem ágil e a ambientação europeia contribuem para o apelo visual e emocional do filme, que consegue cativar tanto fãs de ação quanto aqueles que apreciam um bom filme de assalto.

Ao longo da narrativa, a construção do suspense e a tensão em torno do grande roubo são desenvolvidas de forma gradual, levando o público a um clímax satisfatório e bem executado. A conexão emocional entre os personagens e o desenvolvimento de suas motivações internas criam um vínculo forte com o espectador, que se vê torcendo pelo sucesso do grupo, apesar do contexto moralmente questionável.

Schweighöfer prova que é capaz de entregar muito mais do que um simples prelúdio a um filme de zumbis. Ele constrói uma narrativa autossuficiente e bem trabalhada, que não se limita ao contexto do universo maior de “Army of the Dead”. A colaboração com Zack Snyder resulta em uma obra de entretenimento sólida, que, ao final, deixa espaço para futuras expansões desse universo, sem perder sua identidade própria.

“Exército de Ladrões: Invasão da Europa” é, portanto, uma experiência cinematográfica que não apenas enriquece o universo criado por Snyder, mas também se destaca por seus próprios méritos, sendo uma opção irresistível tanto para fãs do gênero quanto para aqueles que buscam um filme de ação envolvente, com personagens cativantes e uma narrativa bem estruturada.


Filme: Exército de Ladrões: Invasão da Europa
Direção: Exército de Ladrões: Invasão da Europa
Ano: 2021
Gênero: Ação/Comédia/Policial
Nota: 8/10