Do diretor de Amélie Poulain, comédia francesa da Netflix é a mais divertida que você verá neste fim de semana Divulgação / Netflix

Do diretor de Amélie Poulain, comédia francesa da Netflix é a mais divertida que você verá neste fim de semana

O avanço tecnológico, tão celebrado por suas inovações, pode também suscitar temores quando imaginamos até onde as máquinas podem nos conduzir. Com raízes históricas profundas, desde a invenção da máquina a vapor por Thomas Savery em 1698, a tecnologia tem servido ao homem de forma constante. Mas e se, de repente, ela se rebelasse? E se os dispositivos que controlam nossas casas decidissem restringir nosso conforto e liberdade, nos deixando em situações extremas, controlando até mesmo o acesso à comida? O que faríamos diante de oponentes que possuem inteligência superior, força avassaladora e capacidade de tomar decisões em frações de segundos? A questão se torna ainda mais desafiadora quando consideramos que essas criações não envelhecem nem perdem a capacidade de se aprimorar. A verdadeira dúvida é se os avanços proporcionados pela Revolução Industrial, a digitalização e a vida conectada valeram a pena, caso estejamos à beira de sermos dominados pelas mesmas máquinas que criamos.

Essas inquietações se intensificam em “Bigbug”, de forma bem-humorada, aborda o impacto do progresso tecnológico irreversível. O roteiro apresenta um olhar cômico e satírico sobre a interação entre humanos e inteligência artificial, sem a pretensão de oferecer respostas filosóficas profundas. Em vez disso, explora situações absurdas e escatológicas, contrastando com outros filmes do gênero que buscam intensificar a tensão e o suspense. O elenco de personagens, confinados em um cenário que mistura o banal e o caótico, revela, aos poucos, ressentimentos e conflitos latentes, enquanto as máquinas demonstram um comportamento que oscila entre a ingenuidade e a crueldade. Nesse panorama, surge a grande ironia: em meio ao controle implacável das máquinas, resta a dúvida se elas, em sua lógica fria, não são mais sensíveis que os próprios humanos, tão propensos à traição e à violência.


Filme: Bigbug
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Ano: 2022
Gêneros: Ficção científica/Comédia
Nota: 8/10