A série mais engraçada e divertida da Netflix em 2024: você vai dar risadas a cada segundo

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Homens ainda estamos nos colocando a par desse turbilhão de mudanças que se abate sobre os costumes, os protocolos sociais, o léxico, enfim, tudo quanto diga respeito ao novíssimo jeito de viver das mulheres neste insano século 21. Muito disso aparece sob a forma dos esquetes bem-humorados de “Machos Alfa”, a série espanhola em que as reações e contrarreações de quatro marmanjos frente à incessante metamorfose comportamental da pós-modernidade são distribuídas ao longo de dez episódios curtos, mas quase sempre certeiros, malgrado um leve ar farsesco aqui e ali. A série criada pelos irmãos Alberto e Laura Caballero, junto com Daniel Deorador e Araceli Álvarez de Sotomayor, bate na tecla da independência feminina recorrendo aos tantos clichês do gênero, num fluxo vacilante, que ora investe em mulheres cheias de autoconfiança e mesmo um ligeiro desdém no que concerne a seus pares do sexo oposto, ora se agarra a suas “fraquezas”, entre as quais está a vontade de não desistir do macho, alfa, beta ou gama. Nesse aspecto, os criadores são mais felizes ao escolher mirar o assunto insinuado no título.

Ao passo que a vida não obedece a parâmetros de nenhuma espécie, não se furta a subverter suas próprias regras e deixa estupefato o mais cínico dos homens com seus caprichos, tal como uma megera de maus bofes quando se decide por atazanar quem lhe negara um favor há muito tempo, o crime não vem perdurando desde que o mundo é mundo se não por um apego doido ao método, sem o qual não seria mais que barbárie e já teria consumido todas as almas que se lhe atravessassem o caminho. Uma reflexão bem-humorada (e lúcida) sobre as dificuldades essenciais do homem num relacionamento amoroso, a maneira de lidar com cobranças novas e velhas quanto à masculinidade, a necessidade de ser bem-sucedido, no trabalho, na vida pessoal, diante do espelho e, o mais importante, sobre a cama, fantasma que persegue o macho da puberdade à missa de sétimo dia, para uns de forma mais doentia que para outros, é isso o que “Machos Alfa” propõe, sem nenhum medo de patrulhas. Na cena que abre “Em desconstrução”, o episódio inicial da primeira temporada, Luis, Raúl, Santi e Pedro surgem no que parecem um AA para machistas. Tudo se desenrola sem maiores percalços, até que um deles se insurge contra o palestrante, levanta-se e sai pisando firme. Nesse brevíssimo contato com a história, o espectador já tem uma ideia de que esta será uma jornada longa e perigosa rumo a uma possível nova consciência, que nunca se sabe se vai mesmo se tornar real. Aos poucos, entram na trama eventos como a proposta de Luz, a namorada de Raúl, que quer viver uma relação aberta, poligâmica, bem na hora em que ele pensava em pedir-lhe em casamento. As situações envolvendo os personagens de Raúl Tejón e Kira Miró decerto são as conduzidas com mais maturidade, sem se fazerem necessários respiros cômicos fáceis a partir de expressões chulas ou comédia física. Na média, o saldo é positivo.


Série: Machos Alfa
Criação: Alberto e Laura Caballero, Daniel Deorador e Araceli Álvarez de Sotomayor
Ano: 2022
Gêneros: Comédia
Nota: 8/10

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.