Indicada a 77 prêmios e vencedora de 4 Emmys, a série com Kate Winslet na HBO Max que pouquíssimas pessoas assistiram Divulgação / Home Box Office (HBO)

Indicada a 77 prêmios e vencedora de 4 Emmys, a série com Kate Winslet na HBO Max que pouquíssimas pessoas assistiram

“Mare of Easttown” é uma minissérie protagonizada por Kate Winslet, na qual ela interpreta Mare Sheehan, uma detetive marcada por seu comportamento endurecido e distante. Logo no início, sua personalidade é evidente: uma mulher sem vaidade, desinteressada em agradar os outros, e ainda lidando com as cicatrizes de um divórcio recente, enquanto seu ex-marido já segue em frente com outro relacionamento. Mare é mãe e avó, e adota o estereótipo do investigador frequentemente atribuído a personagens masculinos, carregando o peso de traumas pessoais que se entrelaçam com o trabalho, transformando sua busca por respostas em uma missão quase obsessiva.

A trama central da série gira em torno de uma investigação que já dura um ano: o desaparecimento de Katie Bailey, uma jovem prostituta cuja mãe constantemente culpa a polícia pela falta de respostas. Esse fracasso ressoa profundamente em Mare, a ponto de colocar seu futuro na investigação em risco. Pressionada, a polícia decide enviar Colin Zabel (Evan Peters), um jovem detetive com um histórico de sucesso recente, para auxiliar Mare.

No entanto, as coisas se complicam quando um novo crime ocorre: a morte de Erin, uma adolescente que mantinha laços com Mare e seu círculo social. A partir daí, Mare e Colin investigam as possíveis conexões entre os casos de Erin e Katie, questionando se o culpado poderia ser o pai do filho de Erin, os colegas que praticavam bullying, ou até mesmo alguém mais inesperado. Com o desaparecimento de mais uma jovem, Missy, surge a especulação sobre a existência de um serial killer. Mas enquanto o corpo de Erin foi encontrado, Katie e Missy ainda estão desaparecidas.

Além das complexidades da investigação, a série mergulha na vida pessoal de Mare. Aos poucos, descobrimos que ela perdeu um filho para as drogas, um trauma que molda grande parte de sua personalidade. Ela também cuida de seu neto e equilibra esses desafios pessoais com o trabalho. As dinâmicas familiares são reveladas ao longo da trama, adicionando profundidade emocional à narrativa.

Um aspecto secundário, mas interessante, é o romance entre Mare e Richard (Guy Pearce), um relacionamento que serve como um leve contraponto à pesada atmosfera da série. Pearce aparece em poucas cenas, mas seu personagem traz uma camada adicional à vida emocional da protagonista.

Filmada em 2020 durante a pandemia, a produção enfrentou desafios logísticos significativos. A HBO investiu em rigorosos protocolos de segurança, incluindo quarentena e testes constantes de Covid-19 para o elenco e a equipe. Guy Pearce mencionou ter feito cerca de 45 testes, enquanto Kate Winslet realizou impressionantes 145. Fora das câmeras, o uso de máscaras e o distanciamento foram rigorosamente seguidos.

Winslet, com seus 45 anos, encarna Mare de forma crua, sem maquiagem durante quase toda a série, enfatizando a ausência de vaidade de sua personagem. Inicialmente, essa escolha causou certa apreensão na HBO, mas acabou sendo um dos elementos que destacou ainda mais a atuação de Winslet.

“Mare of Easttown” segue um estilo de suspense psicológico que lembra outras produções de sucesso, como “Sharp Objects” e “True Detective”. Com um roteiro denso e personagens complexos, a série é um exemplo da qualidade seletiva da HBO, que raramente erra em suas apostas. Se você está em busca de uma série instigante e emocionalmente envolvente, esta é uma excelente escolha.


Série: Mare of Easttown
Criação: Brad Ingelsby
Ano: 2021
Gênero: Crime/Drama/Mistério
Nota: 10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.