Eu repudio a intolerância exacerbada. Não tolero qualquer tipo de cinismo. Sou cínica quando acho apropriado. Me perco diante de um jogo de conflitos. Eu gosto de pensar em coisas impossíveis. Mas não suporto o desejo que não pode se realizar. Adoro quando é inverno, quando sinto frio. Passo o ano todo esperando o verão chegar.
Odeio cebola. Minha comida preferida é a cebola do Outback. Amo nadar. Morro de preguiça diante da piscina. Venero tecnologia, mas escrevo cartas à mão. Compro sapato de salto, blusa com brilho… vou a festas de chinelo e visual maltrapilho. Aprecio silêncios bem ditos e ausências que preenchem. Economizo meu salário, pois valorizo meu suor. Perco tempo com besteira. Tempo é dinheiro.
Eu quero ser menina e mulher. Quero ser meiga e ousada. Quero ser cética sem perder minha fé, poder guardar palavras sem ficar calada. Eu duvido de Deus rezando para que Ele não me castigue por isso. Procuro sonhos com veracidade, caminhos num labirinto perverso.
Eu quero um arco-íris preto e branco. Quero cinema mudo colorido. Chorar o riso, gargalhar o pranto. Encontrar meu rumo num vale perdido. Peço desculpas pelas falhas que não cometi em nome da paz. Insisto nos erros com os quais nada aprendi e não deixei para trás. Deposito expectativas no futuro enquanto me apego ao passado. Dou tiros no pé e no escuro para depois reclamar do machucado.
Eu tenho no meu armário uma calça jeans e um vestidinho preto. Adoro fruta, não gosto de maçã. Tenho cinquenta ídolos, mas de nenhum sou muito fã. Danço funk criticando a vulgarização da cultura. Leio Paulo Coelho lamentando a idiotização da literatura. Vou sempre ao cinema, minha paixão é a TV. Gosto de rock, de bossa, de jazz, blues… Ah, Bruno e Marrone!
Eu brincava de boneca, detestava a Barbie. Tinha medo de palhaço e adorava circo. Não acredito em verdade absoluta, mas creio na mentira relativa. Eu tenho muito medo, de tudo, o tempo todo. E coragem para admitir isso. Eu quero um pedaço do céu, segurança na Terra. Dos contos de fada quero a doçura, da vida real quero aventura. Por amor eu entro em uma guerra. Por cansaço eu perco minha ternura.
Sim, eu sou tímida, extrovertida, irreverente e fechada. Eu sou um leque variado de emoções. Eu sou, na verdade, o que todos somos quando cai a fachada: um poço de contrastes e contradições.