O filme que superou a bilheteria de Vingadores: Ultimato em sua estreia está na Netflix Divulgação / Netflix

O filme que superou a bilheteria de Vingadores: Ultimato em sua estreia está na Netflix

Equilibrar corpo e mente, eis o segredo da felicidade. Como uma ínfima parcela dos oito bilhões de seres humanos sobre a Terra alcança a proeza, essa bênção continua restrita a uns pouquíssimos sortudos, que talvez não devam apenas ao inesperado tal maravilha. Cada um reivindica o que considera ser justo, e sentimentos como amor, fúria, desejo, ganância sobem e descem na escala da vida de acordo com o lugar em que nos achamos. Essa verdadeira guerra acha esteio nas batalhas cruentas da vida real quando, uma vez aberto o flanco, não se pode conter a horda de invasores que parte para cima de muito mais que um corpo físico num lugar supostamente errado, noção que o protagonista de “O Mestre do Yin Yang” incorpora à perfeição. Baseado numa série de romances populares que amalgama fantasia, aventura e mitologia chinesa, o filme de Weiran Li narra as façanhas de um sábio de raros poderes, um homem que conhece os segredos da magia e do exorcismo, numa épica batalha contra forças ocultas que se revelam especialmente ameaçadoras.

O roteiro de Chia-Lu Chang e Even Jian usa da dinâmica usada em Onmyoji, o cultuado jogo de RPG desenvolvido pela NetEase Games, para chegar a Qingming, talvez um elo perdido entre o homem e as entidades das trevas encarregada de livrar o mundo dos demônios. Qingming passa a ser acusado de matar Cimu, seu melhor amigo, outro jovem mestre das artes e da filosofia ancestrais, para ter o domínio exclusivo da Pedra de Escama, a torre que protege a cidade de Xiangliu, a serpente maligna que encarna o mal absoluto. Qingming abandona a capital do Reino Demoníaco e se exila em sua casa de campo, onde não deixa de se dedicar a feitiços e encantos e nem esquece Bai Ni, seu amor de infância, o novo grande talento da caça aos demônios Yin Yang. Chen Kun e Xun Zhou amenizam a balbúrdia do enredo, de fato muito mais próximo dos iniciados no jogo da NetEase, e conduzem o longa para um romance formulaico, mais voltado ao gosto de um público mais heterogêneo. 

A fotografia em tela ampla de Wang Boxue e a computação gráfica, que transforma os bichos em coadjuvantes indispensáveis, bem como a direção de arte do japonês Akatsuka Yoshihito, fazem de “O Mestre do Yin Yang” um belo espetáculo para os olhos, embora o resultado final pareça artificioso em muito pontos, em especial no que toca à composição de Qingming e Cimu, de William Chan, como guerreiros milenares.


Filme: O Mestre do Yin Yang
Direção: Weiran Li
Ano: 2021
Gêneros: Ação/Aventura
Nota: 7/10