Suspense visto por 75 milhões de espectadores na Netflix Divulgação / Netflix

Suspense visto por 75 milhões de espectadores na Netflix

Ninguém pode realmente desvendar o que se passa dentro do lar de uma família, e quando o foco se volta para uma fortuna cuja destinação suscita intermináveis questionamentos, a desconfiança permeia todas as conclusões. Em “Paralisia”, Nour Wazzi nos transporta para um universo familiar em que muitos podem se identificar. Contudo, à medida que a riqueza se torna mais evidente em relações quase secretas, os monstros que habitam essas dinâmicas emergem de seus esconderijos.

Wazzi, originária de Beirute e residente no Reino Unido há vinte anos, parece ter assimilado a essência de uma nobreza silenciosa e não reconhecida. Sua crítica social se revela nas nuances do enredo, que transita habilmente entre mistério e erotismo, revelando que, em muitos casos, as pessoas podem não saber viver de outra forma, merecendo, talvez, o que lhes acontece.

A trama gira em torno de Katherine Carter, que acorda após três dias em coma devido a um grave traumatismo craniano, enfrentando a impossibilidade de mover o olho direito. Katherine corre o risco de se tornar uma pessoa cognitivamente intacta — capaz de expressar emoções, raciocinar e compreender, mas presa em um estado de dependência extrema, necessitando de cuidados paliativos.

O roteiro de Rowan Joffe revela os bastidores de uma tentativa de assassinato, retrocedendo um mês antes dos eventos atuais. Nesse período, Lina, a enteada de Katherine, destaca como a morte do marido mergulhou Katherine em um abismo de incertezas e humilhações, especialmente após ele a ter excluído do testamento e designado Jamie, o filho do casal interpretado por Finn Cole, como seu único herdeiro. Famke Janssen e Rose Williams dominam as interações em cena, protagonizando um intenso embate sobre quem deve assumir o comando da mansão Rowling, se a mãe ou a consorte, uma rivalidade que se intensifica ao descobrirmos que Lina foi criada por Katherine e seu falecido marido.

À medida que avançamos para o terceiro ato, o filme adquire ares de thriller sensual, centrando-se em um triângulo amoroso envolvendo Katherine, Lina e Robert Lawrence, o médico da família Carter. Este personagem, interpretado por Alex Hassell, é uma figura de confiança para Katherine e desempenha um papel vital nas dinâmicas familiares, até que uma reviravolta impactante se revela, delineada com maestria pela diretora. “Paralisia” se desdobra como uma história de amor e tragédia, revelando como a sororidade proclamada pode, muitas vezes, ocultar conflitos profundos entre mulheres.


Filme: Paralisia
Direção: Nour Wazzi
Ano: 2023
Gêneros: Terror/Mistério/Suspense
Nota: 8/10