O primeiro filme da Netflix a se tornar o mais assistido do mundo na primeira hora de lançamento Marcos Cruz / Netflix

O primeiro filme da Netflix a se tornar o mais assistido do mundo na primeira hora de lançamento

Hollywood sempre soube explorar histórias de pessoas comuns que, em momentos críticos, se transformam em heróis, gerando obras marcantes. Um exemplo memorável é “Sully: O Herói do Rio Hudson” (2016), dirigido pelo renomado Clint Eastwood. O longa retrata Chesley Sullenberger, um piloto que, em 2009, realizou um pouso de emergência nas águas do Rio Hudson, salvando todos os passageiros. Com uma abordagem que mistura a investigação psicológica do protagonista e a análise dos lugares e situações por onde passou, Eastwood cria uma narrativa que revela a natureza essencial de alguém que, ao se deparar com um momento decisivo, não teria como agir de outra maneira. No entanto, Sullenberger não foi imediatamente reconhecido como um herói. Ele enfrentou duras críticas, acusado de ter exagerado seu papel, transformando um potencial desastre em uma oportunidade para demonstrar suas habilidades e autopromoção. Na visão distorcida de seus detratores, Sully teria criado uma situação perigosa apenas para se vangloriar de sua perícia.

Heróis, no entanto, não apenas enfrentam perigos físicos; eles também lidam com a inveja e a calúnia daqueles que nunca teriam coragem de realizar algo semelhante. A combinação de coragem e ética é o que os diferencia, exigindo decisões rápidas e morais em situações imprevisíveis. Assim como Eastwood fez com Sully, o diretor Gideon Raff, em “Missão no Mar Vermelho” (2019), se propõe a ir além do simples heroísmo, explorando dilemas mais profundos em personagens que enfrentam desafios quase inimagináveis. A trama se baseia em uma missão real realizada por agentes do Mossad no início dos anos 1980, que resgataram centenas de judeus etíopes das garras do governo sudanês. Desde os primeiros momentos do filme, Raff foca no drama humano, mostrando as tensões e os riscos da operação, e desenvolve o protagonista, Ari Levinson, interpretado por Chris Evans, como o centro de todos os conflitos.

Embora os planos iniciais de Ari sejam frustrados e ele tenha que reconsiderar suas estratégias, o filme mantém o foco no caráter indomável de seu personagem. Ele resiste à ideia de abandonar sua missão, mesmo quando pressionado por seus superiores a retornar a Israel. Essa resistência é central à narrativa, destacando o dilema moral que o persegue. Para garantir o sucesso da missão, Ari e sua equipe adotam um plano inusitado: a aquisição de um resort desativado no litoral sudanês como fachada para resgatar os refugiados. O desenvolvimento dessa ideia absurda e sua implementação criam momentos de tensão, mas também de humor, à medida que o hotel se torna um destino popular para turistas, obrigando os agentes a desempenhar papéis improváveis como anfitriões. Essa mistura de realidade e fantasia é o que torna “Missão no Mar Vermelho” uma obra intrigante, que desafia a lógica, mas ao mesmo tempo explora a força humana diante de adversidades extremas.


Filme: Missão no Mar Vermelho
Direção: 
Gideon Raff
Ano: 
2019
Gêneros: 
Espionagem/Ação
Nota: 
8/10