Terror europeu perturbador, na Netflix, vai te fazer procurar terapia depois de assistí-lo Divulgação / Netflix

Terror europeu perturbador, na Netflix, vai te fazer procurar terapia depois de assistí-lo

O terror se destaca como um gênero cinematográfico que consegue unir diversas linguagens em uma obra coesa e com propósitos bem definidos. É essa característica que faz com que narrativas que desafiam a realidade, mas que provocam reflexões profundas sobre a vida cotidiana, conquistem rapidamente o público. Um exemplo disso é “Tin e Tina”, a obra de Rubin Stein, que se insere no universo do terror psicológico.

Levantar questões que podem parecer infundadas pode ser um risco desnecessário; no entanto, se Stein mantiver a qualidade e a consistência demonstradas em seu filme de estreia, ele pode rapidamente ascender nas esferas do cinema, possivelmente superando obras de figuras que, embora merecedoras de reconhecimento, se agarram a convenções do politicamente correto e estratégias de marketing, prolongando suas presenças em cartaz. O tempo se encarregará de revelar quem prevalecerá.

À medida que o enredo se desenvolve, é notável a habilidosa combinação de imagens, sons e, fundamentalmente, ideias que se interligam para direcionar a narrativa por um caminho que só se revela ao final das duas horas de exibição — um tempo que passa de maneira quase imperceptível. O diretor e roteirista utiliza a temática religiosa, ora sutil, ora contundente, como um elemento que tanto atrai quanto afasta os espectadores.

Contudo, a audiência não percebe o jogo de aparências que Stein realiza, oscilando entre leveza e seriedade, apresentando de forma clara suas intenções desde o início. Em uma das primeiras cenas, a câmera se posiciona sobre uma igreja repleta de fiéis durante um casamento; enquanto um jovem casal escuta os votos do padre, a noiva oculta-se sob um pesado véu, um símbolo que já anuncia a série de revelações perturbadoras que se seguirão.

No terceiro ato, a temática religiosa retorna com vigor, buscando corrigir qualquer possível mal-entendido que o filme possa ter causado. Neste segmento, “Tin e Tina” dialoga com alguns dos melhores exemplos do terror no cinema, evocando obras como “Boa Noite, Mamãe!” (2022), de Matt Sobel, “Midsommar” (2019), de Ari Aster, “O Iluminado” (1980), de Stanley Kubrick, e “O Bebê de Rosemary” (1968), de Roman Polanski, enquanto preserva sua originalidade. Imitar pode parecer simples, mas é necessário um talento considerável para transformar essa inspiração em algo verdadeiramente impactante.


Filme: Tin & Tina
Direção: Rubin Stein
Ano: 2023
Gêneros: Terror psicológico/Mistério/Suspense
Nota: 9/10