Produzido por Francis Ford Coppola, “Don Juan DeMarco” marca a estreia de Jeremy Leven na direção de um longa-metragem em uma obra que, além de ter concorrido ao Oscar, continua atemporal. Com atuações calorosas de Johnny Depp, Marlon Brando e Faye Dunaway, o romance também traz uma nota trágica: foi o primeiro e último filme em que a cantora Selena atuou, uma vez que ela foi assassinada uma semana após o lançamento do filme.
Lançado em 1995, o filme mistura romance e fantasia, girando em torno de um jovem que acredita ser Don Juan (Depp), o maior amante e sedutor do mundo. Vestido com trajes típicos, incluindo uma capa e uma máscara sobre os olhos, Don Juan é encontrado prestes a se jogar de um outdoor, afirmando estar em desespero por amor. A cena chama a atenção de transeuntes e provoca uma grande mobilização policial. O psiquiatra Jack Mickler (Brando) é então chamado para intervir e tentar convencer Don Juan a desistir do salto.
Após evitar a tragédia, Don Juan é colocado sob a custódia do governo e obrigado a participar de sessões de terapia com Mickler, além de receber medicação para evitar novas tentativas de suicídio. A ideia é que o jovem seja diagnosticado e tratado para sua suposta doença mental.
Mickler, prestes a se aposentar, começa suas sessões com Don Juan acreditando que está lidando com um impostor ou alguém que sofre de delírios. No entanto, à medida que o jovem narra suas histórias de amores passados e de sua visão única do romance, o psiquiatra se vê, inesperadamente, cativado pelas palavras do paciente. Don Juan fala com tal paixão e devoção às mulheres que cruzaram seu caminho que Mickler começa a reconsiderar sua própria vida amorosa e seu casamento com Marilyn (Dunaway).
As histórias contadas por Don Juan, sejam fruto da realidade ou da imaginação, mexem profundamente com Mickler, levando-o a questionar se sua rotina e visão pragmática da vida não deixaram de lado a importância do amor romântico. As sessões de terapia se transformam em uma espécie de despertar emocional para o psiquiatra, que redescobre o desejo de reavivar a paixão em seu relacionamento.
Conforme o filme avança, fica claro que a “loucura” de Don Juan talvez não seja uma patologia, mas sim uma incapacidade da sociedade em aceitar alguém que vive fora dos padrões convencionais de comportamento. Para Mickler, Don Juan não parece ser um homem doente, mas sim alguém que vê o mundo de forma mais poética, colocando o amor e a paixão no centro de sua existência. Essa visão, embora incomum, o faz repensar se o problema não reside na sociedade que tenta “curá-lo”, em vez de aceitá-lo como ele é.
Com uma atmosfera envolta em fantasia, sedução, erotismo e romance, “Don Juan DeMarco” é uma celebração da vida apaixonada. O filme marca um dos últimos papéis de destaque de Marlon Brando no cinema, e sua interação com Johnny Depp é notável. A atuação de Depp também é reconhecidamente como uma das melhores de sua carreira, com seu carisma como o enigmático Don Juan oferecendo um contraste com a sobriedade de Brando como o experiente psiquiatra.
Além disso, “Don Juan DeMarco” recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Canção Original pela música tema, “Have You Ever Really Loved a Woman?”, composta e interpretada por Bryan Adams. A canção se tornou um sucesso instantâneo, reforçando o apelo romântico do filme e se tornando um dos hinos de amor dos anos 1990.
Filme: Don Juan DeMarco
Direção: Jeremy Leven
Ano: 1995
Gênero: Romance/Comédia
Nota: 10