A atuação mais impressionante de James McAvoy desde “Fragmentado” no filme mais aclamado de 2024 até o momento Divulgação / Universal Pictures

A atuação mais impressionante de James McAvoy desde “Fragmentado” no filme mais aclamado de 2024 até o momento

“Não Fale o Mal”, dirigido por James Watkins, se insere no gênero de suspense e crime com uma abordagem que, embora envolvente, não se distancia completamente dos clichês do gênero. O filme acompanha uma família que busca se reerguer após uma crise pessoal e decide viajar pelo interior da Itália, onde entra em contato com outra família que parece estar desfrutando muito mais da vida.

Ben Dalton, interpretado por Scoot McNairy, está lutando para reviver o romance de seu casamento, abalado por uma traição virtual de sua esposa. Ele vê em Paddy, o turista descolado vivido por James McAvoy, um modelo de chefe de família a ser admirado. Paddy, com sua personalidade espontânea e sem filtros, faz com que o casal original se sinta deslumbrado ao ver como ele espanta um outro casal entediante durante a viagem. No entanto, o público logo percebe que Paddy não é tão confiável quanto aparenta.

Paddy está acompanhado por sua companheira Ciara, interpretada por Aisling Franciosi, e pelo filho do casal, Ant, vivido por Dan Hough. A presença de Ant, que sofre de uma deficiência que o impede de falar devido a uma língua curta e o faz parecer constantemente assustado e acrescenta uma camada de complexidade e credibilidade à família.

Em contraste, Ben e Louise têm a doce Agnes (Alix West Lefler), uma garotinha de 12 anos que é muito apegada ao seu coelhinho de pelúcia. As manias infantis de Agnes, como dormir na cama dos pais e viver grudada no coelhinho, irritam Ben, que acredita que ela precisa amadurecer. Talvez sua irritação seja amplificada pelo fato de que a presença constante de uma criança dependente esteja prejudicando a intimidade do casal, enquanto Louise, como mãe, demonstra uma tendência a superproteger sua filha.

O encontro entre as duas famílias parece fortuito. Quando as férias na Itália chegam ao fim, Paddy convida Ben e Louise para passar uma semana em sua fazenda no interior da Inglaterra. Ben, que recentemente se mudou com a família dos Estados Unidos para Londres em busca de uma nova oportunidade de emprego, acaba de receber um e-mail do RH informando sua dispensa.

Louise também deixou sua carreira nos EUA para apoiar o sonho do marido. Agora, além de enfrentar uma crise conjugal, o casal se vê preocupado com seu futuro financeiro, especialmente com ambos desempregados. Um tempo afastado da realidade e da tecnologia parece ser a solução ideal para acalmar os ânimos.

A viagem até a propriedade rural em uma região isolada revela uma família de Paddy que parece excêntrica, mas acolhedora. Louise, acostumada com um padrão de sofisticação, acha a casa um tanto simples e desleixado. Embora o ambiente inicial pareça agradável, algumas peculiaridades dos anfitriões começam a incomodar Louise, especialmente os hábitos de Paddy e Ciara.

Ant, que é não verbal e parece sempre assustado, é apresentado pelos pais como alguém socialmente introvertido devido à sua condição física. Apesar disso, ele e Agnes parecem se entender bem. A transformação gradual de Paddy e Ciara em anfitriões ameaçadores é sutil e perturbadora.

O espectador, ciente desde o início da falta de confiabilidade do casal, experimenta um crescente clima de tensão e angústia, à medida que Ben, Louise e Agnes enfrentam várias oportunidades de escapar, sem sucesso. O filme se desenrola por quase duas horas em uma tortura psicológica, mantendo o público em um estado constante de apreensão.

Embora o filme apresente alguns problemas no final, estes não têm relação com o desempenho do elenco, mas sim com as escolhas do diretor. James McAvoy oferece uma performance impressionante, evocando uma sensação de medo quase comparável ao seu trabalho em “Fragmentado”. Referências ao “O Iluminado”, de Stanley Kubrick, são perceptíveis. As atuações são, em geral, consistentes, com destaque para Dan Hough, que, mesmo sem proferir uma única palavra durante todo o filme, transmite se exprime de maneira extremamente convincente.

“Não Fale o Mal” é um remake do filme dinamarquês homônimo, lançado em 2022. O diretor e roteirista do original, Christian Tafdrup, revelou que se inspirou em uma experiência pessoal. Ele conheceu um casal holandês na Toscana que o convidou para passar um tempo em sua casa, convite que ele recusou. Em vez disso, Tafdrup optou por explorar sua imaginação e transformou essa experiência em um roteiro assustador que deu origem a este filme.


Filme: Não Fale o Mal
Direção: James Watkins
Ano: 2024
Gênero: Drama/Suspense/Thriller
Nota: 9