O filme raramente mencionado de Chadwick Boseman que você precisa ver está na Netflix

O filme raramente mencionado de Chadwick Boseman que você precisa ver está na Netflix

As decisões que moldam profundamente nossas vidas frequentemente são acompanhadas por uma dose significativa de apreensão. Apesar de uma análise cuidadosa, o medo e a dúvida continuam a atormentar, mesmo quando estamos convencidos da necessidade de agir. Isso não garante que nossas conclusões após noites sem dormir, caminhadas solitárias ou o tumulto emocional que não conseguimos processar resultarão em uma solução definitiva. Às vezes, a vida parece uma encenação irônica, com uma realidade tão intensa que não deixa espaço para fantasias ou questionamentos sobre justiça. Há momentos em que viver se transforma em um teste implacável, exigindo respostas claras, enquanto nossos sonhos ainda ecoam em protesto.

As sagas familiares muitas vezes se originam de motivos inesperados, mas todas compartilham um objetivo comum: destacar a importância de manter os laços com nossa essência, aquela que existia antes mesmo de compreendermos o que o mundo nos reservaria. Alguns se perdem por caminhos que prometem atalhos para a felicidade, enquanto outros não aceitam o que é considerado comum e, nessa resistência, surgem as histórias de sofrimento e perseverança que conferem significado à humanidade. O filme “King: Uma História de Vingança” (2016) é um exemplo claro do que seu título promete, mas vai além disso. Fabrice Du Welz captura com maestria o espírito de autopreservação de um homem que, mesmo tendo perdido muito do que poderia auxiliá-lo em sua busca por dignidade, encontra uma nova abordagem para enfrentar seus inimigos.

Jacob King, interpretado por Chadwick Boseman, carrega um nome que reflete sua essência. Boseman, conhecido por sua elegância, encarna um verdadeiro guerreiro tribal sul-africano, alguém que subordina seu orgulho à causa que considera justa. O público precisa ter paciência e confiança no protagonista, que viaja para a América sem recursos, alegando que está apenas de passagem. O roteiro de Oliver Butcher e Stephen Cornwell reserva a verdadeira motivação de King para o final do filme. O principal obstáculo para King é sua irmã Bianca, interpretada por Sibongile Mlambo, desaparecida há meses. As revelações sobre ela aumentam suas preocupações. Quando Du Welz desvenda os mal-entendidos, com a ajuda do comerciante vivido por Paul H. Kim, que reforça a diversidade étnica dos Estados Unidos sem abordá-la diretamente, King percebe a verdade. A atuação de Boseman transforma o personagem, levando-o a uma busca implacável pelos responsáveis pelo sofrimento de Bianca, com Armand, filho de seu antigo namorado e traficante cruel, como a principal pista. O problema é que Armand, interpretado por Diego José, também está desaparecido.

O filme conta com um elenco de apoio significativo, incluindo a prostituta Kelly, vivida por Teresa Palmer, que, apesar de sua afeição pelo protagonista, nunca se envolve romanticamente com ele, e o gângster Wentworth, interpretado por Luke Evans, líder de uma quadrilha de mafiosos do Leste Europeu. Apesar de alguns problemas conceituais, “King: Uma História de Vingança” merece ser assistido por suas qualidades visuais, como a cativante fotografia de Monika Lenczewska, e pela oportunidade de relembrar Chadwick Boseman, um ator de talento incomparável, muito além de seu papel icônico como “Pantera Negra”.


Filme: King: Uma História de Vingança
Direção: Fabrice Du Welz
Ano: 2016
Gênero: Thriller
Nota: 8/10