Filme mais assistido da atualidade, ficção científica está no Top 10 da Netflix em 93 países Brian Douglas / Netflix

Filme mais assistido da atualidade, ficção científica está no Top 10 da Netflix em 93 países

A condição da mulher na pós-modernidade simboliza, de forma inegável, as profundas mudanças que o mundo experimentou nas últimas décadas. Se há cerca de cinquenta anos, ver uma mulher em posições de liderança era algo tão improvável quanto encontrar uma figura alienígena, hoje é comum observarmos mulheres liderando grandes corporações, desde o varejo até os bancos públicos.

Essas líderes, que combinam elegância e determinação, conquistaram seu espaço à base de muito esforço e resiliência, enfrentando barreiras que, por muito tempo, as colocaram em desvantagem. O filme “Feios”, dirigido por McG e baseado no livro de Scott Westerfeld, traz à tona outra das grandes obsessões da era moderna: o culto à beleza padronizada e a pressão por se enquadrar a ideais estéticos a qualquer custo.

Em “Feios”, acompanhamos a trajetória de Tally Youngblood, uma jovem que, ao completar dezesseis anos, precisa se submeter a uma cirurgia destinada a apagar sua individualidade, uma narrativa que projeta um futuro distópico onde a homogeneização é a norma. Essa ficção provoca reflexões sobre o avanço da sociedade em direção a um mundo onde as características pessoais são substituídas por padrões rígidos e uniformes.

No entanto, a história vai muito além dessa premissa inicial. Em paralelo, vemos ecos das contribuições de pensadoras como Simone de Beauvoir, cujo trabalho em “O Segundo Sexo” e “A Mulher Desiludida” foi fundamental para a luta pela emancipação feminina. Seus escritos expuseram os desafios de ser mulher em uma sociedade dominada por homens, algo que, embora tenha evoluído, ainda ressoa nas experiências contemporâneas.

O roteiro de “Feios”, escrito por Whit Anderson, Jacob Forman e Vanessa Taylor, levanta discussões urgentes sobre a igualdade e a luta contra sistemas que tentam suprimir as diferenças, especialmente as físicas. A protagonista, Tally, vive em uma sociedade onde o padrão de beleza é imposto de maneira implacável, e sua jornada é marcada por dilemas internos sobre identidade e conformidade.

Joey King brilha no papel principal, entregando uma atuação sólida que sustenta a narrativa quase por completo. A fotografia de Xiaolong Liu complementa a trama com maestria, contribuindo para a atmosfera distópica e visualmente impressionante do filme.

Ao abordar essas questões, o filme não se limita a tratar de uma sociedade futurista; ele oferece uma reflexão profunda sobre os valores e pressões do mundo contemporâneo, onde a beleza, a igualdade e a individualidade se entrelaçam de maneiras complexas. Essa narrativa é um lembrete constante de que, apesar das conquistas femininas ao longo dos anos, as batalhas por reconhecimento e autenticidade ainda são travadas diariamente.


Filme: Feios
Direção: McG
Ano: 2024
Gêneros: Drama/Ficção científica/Ação 
Nota: 8/10