Obra-prima indicada a 148 prêmios e vencedora do Oscar que arrecadou meio bilhão de reais nos cinemas e está na Netflix Divulgação / The Weinstein Company

Obra-prima indicada a 148 prêmios e vencedora do Oscar que arrecadou meio bilhão de reais nos cinemas e está na Netflix

“O Lado Bom da Vida” é uma produção dirigida por David O. Russell, que, além de render a Jennifer Lawrence o Oscar de melhor atriz, acumulou indicações em diversas categorias no Oscar de 2013, como melhor filme, melhor direção, melhor ator e melhor roteiro adaptado. A trama é uma adaptação do romance de Matthew Quick, abordando temas como saúde mental, relacionamentos conturbados e a busca por redenção pessoal.

O protagonista, Pat Solatano, interpretado por Bradley Cooper, é um homem que, após sofrer um colapso ao flagrar sua esposa Nikki com outro homem, acaba sendo internado em uma clínica psiquiátrica. Pat é diagnosticado com transtorno bipolar, e, ao deixar a clínica, enfrenta restrições que o impedem de se aproximar de Nikki, de sua antiga residência e da escola onde lecionava. A narrativa acompanha seu retorno à casa dos pais, enquanto tenta recuperar o equilíbrio e reconstruir sua vida, alimentando o desejo de reconquistar a esposa.

Jennifer Lawrence assume o papel de Tiffany, uma viúva que enfrenta suas próprias dificuldades emocionais e busca um escape ao se dedicar obsessivamente a um concurso de dança. Com a necessidade de um parceiro para a competição, ela propõe a Pat uma troca: ele a ajuda a vencer o concurso e, em contrapartida, ela se compromete a auxiliar Pat em sua tentativa de retomar o relacionamento com Nikki. Durante os ensaios intensivos, a relação entre os dois evolui de maneira imprevisível, transitando entre amizade, romance e conflitos, revelando que ambos compartilham um anseio por compreensão e uma busca por estabilidade emocional.

Paralelamente, Pat também enfrenta a difícil relação com seu pai, vivido por Robert De Niro. O pai, um homem severo e emocionalmente distante, sofre de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e é obcecado pelo time de futebol Philadelphia Eagles. As manias e apostas impulsivas do pai adicionam mais um elemento de caos à vida já turbulenta de Pat, evidenciando a complexidade das relações familiares e a pressão que essas conexões podem exercer sobre a recuperação de alguém.

“O Lado Bom da Vida” não se propõe a oferecer respostas fáceis ou retratar a busca por felicidade como um destino inalcançável. Em vez disso, a obra se concentra nas dificuldades e nuances da jornada pessoal de seus personagens, enfatizando as lições adquiridas no caminho e as transformações interiores que ocorrem em meio às adversidades. Embora Pat almeje reconquistar Nikki, ele descobre que sua verdadeira necessidade vai além desse objetivo inicial, numa narrativa que ecoa a famosa frase de Mick Jagger: “Você nem sempre consegue o que quer, mas se tentar, pode conseguir o que precisa.”

A força do filme reside na forma como se conecta emocionalmente ao público, explorando não apenas a vida de Pat, mas também a de Tiffany, de seu pai e da comunidade ao redor. A sensibilidade de Russell ao contar essa história é visível na construção de uma narrativa que, apesar de abordar o cotidiano de maneira simples, consegue ser profundamente sincera e envolvente. Cada personagem, com suas falhas e virtudes, oferece ao espectador uma janela para o que significa ser humano, com todas as contradições e incertezas que isso implica.

As atuações são outro ponto de destaque. Jennifer Lawrence, Bradley Cooper e Robert De Niro oferecem performances convincentes e multifacetadas, que elevam o filme a um nível acima do que se espera de uma comédia romântica convencional. “O Lado Bom da Vida” transcende os estereótipos do gênero, tornando-se um filme capaz de ser revisitado em diferentes momentos da vida, especialmente quando buscamos um alento em dias difíceis. Os personagens, com suas imperfeições e humanidade, proporcionam ao público uma sensação de identificação e acolhimento.

A trama nos lembra que a vida é composta de nuances e imperfeições, e que essas imperfeições são parte do que nos torna humanos. Ao retratar personagens tão reais, “O Lado Bom da Vida” vai além de qualquer idealização, oferecendo um olhar honesto sobre as dores e alegrias que compõem a existência, fazendo do filme uma escolha cativante para aqueles que buscam uma narrativa que reflita a complexidade das relações humanas e a beleza que se pode encontrar nas experiências mais simples.


Filme: O Lado Bom da Vida
Direção: David O. Russell
Ano: 2012
Gênero: Roamce/Drama/Comédia
Nota: 10/10