Comédia romântica levinha da Netflix vai dar ao seu domingo um toque de felicidade Riccardo Ghilardi / Netflix

Comédia romântica levinha da Netflix vai dar ao seu domingo um toque de felicidade

O amor é uma utopia fundamental para a continuidade do mundo, sem a qual a humanidade se perderia em seus próprios escombros de orgulho ilógico, busca incessante por causas obscuras e indiferença ao que não a afeta diretamente. Esse cenário inevitável de solidão, uma condição que atravessa os séculos, parece crescer em intensidade e persistência, ameaçando dominar completamente a vida humana. No entanto, existem antídotos para esse veneno devastador, embora muitos considerem o preço de tais remédios excessivo, devido à sua fixação em devaneios pessoais. A crença no amor é um dos maiores enigmas da existência, talvez o mais intricado mistério da vida. Escritores, poetas, intelectuais, atores e músicos dedicaram-se a tentar explicar a necessidade de acreditar verdadeiramente no amor. O Romantismo, movimento artístico e estético que ganhou destaque no final do século XVIII, exaltou a natureza e o bucolismo, refletindo a migração das áreas rurais para os centros urbanos em um mundo transformado pela Revolução Industrial. Esse movimento influenciou não apenas a literatura e as artes, mas também persiste, mesmo em nosso tumultuado século 21. O amor persiste, resistindo ao tempo e às mudanças.

Mark Steven Johnson também contribui para a exploração do sentimento amoroso em sua obra “Amor em Verona” (2022), um filme que aposta em sequências visualmente atraentes e diálogos projetados para envolver o espectador. A trama é sustentada por uma parceria convincente entre os protagonistas, que, individualmente talentosos, brilham ainda mais quando estão juntos. Johnson incorpora elementos conhecidos dos contos de fadas, fazendo adaptações sutis para refletir uma perspectiva mais moderna. A protagonista, embora ainda persiga uma forma de felicidade idealizada, é uma mulher independente e bem-sucedida, o que a torna particularmente cativante.

Julie Hutton, interpretada por Kat Graham, é uma professora de Minneapolis que sonha com “Romeu e Julieta” e planeja visitar Verona, a cidade que inspirou Shakespeare. Quando finalmente organiza sua viagem e economiza o suficiente para realizar seu sonho, enfrentando até mesmo a necessidade de usar um aplicativo de hospedagem alternativa, seus planos começam a desmoronar. O problema não é a guarda de sua píton de estimação, que é confiada a Rob, seu melhor amigo gay interpretado por Sean Amsing, mas a decisão de Brandon, seu namorado de quatro anos, que, surpreendentemente, pede um tempo no relacionamento.

Julie viaja sozinha, e, embora o personagem de Raymond Ablack não retorne, o filme é repleto de reviravoltas sutis. Ao chegar à Itália, Julie, visivelmente encantada e um pouco desajeitada como turista, se depara com uma série de contratempos, incluindo um incidente com o táxi de Uberto, interpretado por Lorenzo Lazzarini, e uma confusão com Silvio, o proprietário do apartamento, vivido por Emilio Solfrizzi. Julie acaba compartilhando o espaço com Charlie Fletcher, um enólogo britânico interpretado por Tom Hopper, que a recebe de forma bastante descontraída.

O filme segue com os tradicionais conflitos entre um homem e uma mulher de mundos diferentes, forçados a dividir o mesmo espaço. Johnson insere situações cômicas e momentos engraçados, como uma disputa de comida entre Julie e Charlie, e utiliza enquadramentos inovadores para maximizar o desempenho de seu elenco. O clímax do filme, onde Brandon retorna para reconectar-se com Julie e uma nova intrusa, Cassie, a noiva de Charlie interpretada por Laura Hopper, traz uma resolução engenhosa e divertida para a trama.


Filme: Amor em Verona
Direção: Mark Steven Johnson
Ano: 2022
Gêneros: Comédia romântica
Nota: 8/10