O filme premiado da Netflix que quase ninguém viu: imprevisível, inquietante e bizarro Divulgação / Netflix

O filme premiado da Netflix que quase ninguém viu: imprevisível, inquietante e bizarro

No filme “Já Não Me Sinto em Casa Nesse Mundo” (2017), a protagonista Ruth Kimke representa a vasta maioria das pessoas que lutam para se ajustar à dura realidade da vida cotidiana. Ela é uma mulher comum, cuja existência é marcada por uma sensação constante de mediocridade e frustração. Ruth enfrenta a realidade de um trabalho insatisfatório, uma casa que não corresponde aos seus sonhos e uma vida longe das festas glamourosas de celebridades. Sua experiência é um reflexo da realidade para a maioria das pessoas, onde os desafios e frustrações se tornam uma parte inevitável da rotina.

A narrativa se desenrola quando a vida de Ruth é abalado por um roubo. Apesar de sua casa não guardar grandes riquezas, o roubo de uma peça de prata que pertenceu à sua avó falecida representa muito mais do que um simples furto material. A invasão e o sentimento de violação que Ruth experimenta a forçam a confrontar uma verdade dolorosa: a falta de consideração e respeito que recebe dos outros e a própria sensação de desamparo diante das injustiças cotidianas.

Essa sensação de impotência é ampliada pelo desprezo que Ruth enfrenta quando recorre à polícia. O filme, dirigido por Macon Blair, critica sutilmente a eficácia e a empatia do sistema policial, destacando a maneira como Ruth, como uma cidadã comum, é ignorada pelas autoridades. Essa crítica é acentuada pelo comportamento do policial, que desconsidera Ruth, evidenciando uma realidade de desigualdade e desinteresse por parte das instituições que deveriam proteger os cidadãos.

Sem outra opção viável, Ruth decide se unir a Tony, um vizinho cuja falta de sofisticação e megalomania se assemelham às suas próprias inseguranças. Juntos, eles embarcam em uma jornada para recuperar os itens roubados e encontrar justiça. A parceria, embora improvável, leva a uma série de eventos que forçam Ruth a enfrentar e superar suas próprias limitações e frustrações. Ao final, Ruth consegue recuperar seus preciosos utensílios de prata e, mais importante, reencontrar um senso de controle e dignidade. O filme mostra a trajetória de Ruth não apenas na busca por seus pertences, mas também na descoberta de sua própria força e resiliência.


Filme: Já não me Sinto em Casa Nesse Mundo
Direção: Macon Blair
Ano: 2017
Gênero: Crime/Drama
Nota: 9/10