Thriller de ação com Angelina Jolie que arrecadoou 1,5 bilhão de reais e levou mais de 40 milhões aos cinemas está na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

Thriller de ação com Angelina Jolie que arrecadoou 1,5 bilhão de reais e levou mais de 40 milhões aos cinemas está na Netflix

A Guerra Fria (1947-1991) segue alimentando incontáveis narrativas de suspense, sempre explorando os embates entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética, um confronto de ideologias onde o socialismo prometia ser o caminho para uma sociedade mais justa e igualitária. Contudo, é incerto se os próprios soviéticos acreditavam plenamente nesse ideal utópico, como imaginado por Marx e Engels, especialmente quando se observa a elite daquele regime. Esses dirigentes, conhecidos como gospódines, usufruíam dos benefícios do capitalismo, ao passo que o cidadão comum era privado dessas mesmas vantagens, sem o menor esforço de dissimulação.

No filme “Salt”, dirigido por Phillip Noyce, uma espiã se encontra em um dilema moral, aparentando trabalhar para dois lados opostos: o austero e renascido czarismo russo e o liberalismo desenfreado dos Estados Unidos. Tal ambiguidade faz com que a protagonista se torne alvo de várias agências de espionagem ao redor do mundo. Algumas querem recrutá-la, enquanto outras, determinadas a eliminá-la, a veem como uma ameaça letal, uma agente formidável capaz de derrotar um exército com surpreendente facilidade.

Evelyn Salt, interpretada por Angelina Jolie, é uma anti-heroína que sobrevive a constantes ameaças de execução, sempre escorregando por entre os dedos de governos autoritários. O público, enquanto assiste, tenta decifrar as motivações de sua vida solitária e turbulenta. Kurt Wimmer, responsável pelo roteiro, humaniza gradualmente essa mulher que poderia ter levado uma vida comum, mas que optou por enfrentar desafios impossíveis em nome de suas crenças.

“Salt” é um filme cheio de reviravoltas e ação desenfreada. Logo no início, Jolie aparece como a agente da CIA sofrendo torturas brutais em um porão escuro e úmido na Coreia do Norte. Pouco depois, Kim Jong-il, o líder ditatorial à época, decide libertá-la, sem explicação aparente. Salt fica desconcertada, especialmente ao descobrir que o governo dos EUA havia gasto uma soma significativa para garantir sua libertação, um gesto que a surpreende.

Na zona desmilitarizada que divide as Coreias, ela é recebida pelo marido, Mike Krause, um biólogo alemão naturalizado americano, interpretado por August Diehl. Nesse ponto, o roteiro aproveita os raros momentos de calma para oferecer vislumbres do passado da protagonista, revelados por meio de flashbacks.

Esses retornos temporais mostram Evelyn e Mike em uma vida secreta, vivendo um romance discreto, quase como se previssem as tempestades que estavam por vir. Logo, o gangster russo Oleg Vassilyevich Orlov, interpretado por Daniel Olbrychski, entra em cena, desencadeando uma série de eventos que colocam a vida de Salt em um caos absoluto.

O encontro com Orlov, breve, mas crucial, serve de estopim para que Salt seja caçada, desta vez pelos próprios agentes de seu país. A perseguição intensa lembra, em parte, a sequência inicial do filme, quando Salt foge dos capangas de Kim Jong-il, mas agora, o perigo espreita em solo americano. No segundo ato, as cenas de confronto entre Salt e Ted Winter, vivido por Liev Schreiber, dominam a narrativa. Winter, um alto funcionário da CIA, assume o papel de principal antagonista, e a relação entre ele e Salt se transforma em uma luta implacável, onde apenas um deles sobreviverá para contar o que realmente aconteceu.


Filme: Salt
Direção: Phillip Noyce
Ano: 2010
Gêneros: Ação/Mistério
Nota: 9/10