Último filme da franquia de suspense policial, que faturou 9 bilhões nas bilheterias, está na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Último filme da franquia de suspense policial, que faturou 9 bilhões nas bilheterias, está na Netflix

Segredos são os guardiões das vidas humanas, mas a existência marcada por eles se torna insustentável. O misticismo, mesmo em suas formas mais triviais, aconselha cautela na escolha do que deve ser revelado e a quem. Contudo, há enigmas tão profundos que, inevitavelmente, acabam por emergir, revelando sua essência sem que possamos sequer reagir. Esta dinâmica é um dos motores centrais da franquia “Jason Bourne”. Antes de se firmar como um thriller policial, a saga é, na essência, um drama introspectivo sobre um homem em busca de sua verdadeira identidade.

No desfecho da série, Paul Greengrass retorna para explorar as feridas do protagonista, assim como fez em outras duas ocasiões, mergulhando mais uma vez no universo de David Webb. Este é o verdadeiro nome de um agente especial de alto escalão, cuja vida tem sido marcada por uma série de perdas e traumas que desmoronaram seu mundo, provocando desejos e conflitos internos profundos. Baseado nos livros de Robert Ludlum (1927-2001) e com um roteiro coassinado por Greengrass e Christopher Rouse, o filme revisita os cinco longas anteriores através de um breve flashback no prólogo. O objetivo é demonstrar que o mundo é um lugar especialmente hostil, onde cada palavra e gesto devem ser medidos com extremo cuidado, sob pena de enfrentar consequências severas.

Até mesmo o protagonista não está livre da crueldade implacável daqueles que, disfarçados de aliados, aguardam um momento de vulnerabilidade para atacar e destruir, fazendo-nos sentir mais como máquinas do que como seres humanos. Jason Bourne já percorreu esse caminho.

O anti-herói criado por Ludlum inicia sua jornada um tanto isolado e inseguro em “A Identidade Bourne” (2002), dirigido por Doug Liman. À medida que o personagem vai compreendendo que seu destino é uma constante busca sem rumo, envolvendo-se em confrontos esporádicos e evitando vínculos duradouros, sua jornada evolui. Nesta última parte da série, Bourne se encontra no deserto de Tsamantas, na fronteira entre a Grécia e a Albânia, dependendo da assistência de Nicky Parsons, sua aliada responsável pela logística cibernética das operações, interpretada por Julia Stiles.

O Jason Bourne interpretado por Matt Damon busca informações sobre o projeto Treadstone, liderado por Richard Dewey, um papel de Gregg Henry. Entretanto, Robert Dewey, o diretor da CIA interpretado por Tommy Lee Jones, parece empenhado em sabotar seus planos. Rouse, que também atua como editor do filme, desloca a ação para Langley, na Virgínia, sede da CIA, onde Heather Lee, uma funcionária de alto escalão da agência, enfrenta um desespero crescente com a invasão de arquivos confidenciais armazenados em supercomputadores.

Antes que Greengrass conduza o filme por Roma, Paris e Atenas, Alicia Vikander surge em um papel claramente moldado para orbitar em torno de Damon. A série se encerra de maneira semelhante ao seu início, com Jason Bourne (ou David Webb) deixando claro que seu tempo chegou ao fim. No entanto, essa conclusão pode não ser tão negativa quanto parece.


Filme: Jason Bourne
Direção: Paul Greengrass
Ano: 2016
Gêneros: Drama/Thriller/Policial 
Nota: 8/10