História de amor proibido e ardente, na Netflix, que vai incendiar seu coração Divulgação / Monolith Films

História de amor proibido e ardente, na Netflix, que vai incendiar seu coração

A Polônia, ao que tudo indica, parece ter encontrado uma forma peculiar de lidar com as sombras do passado e aliviar o fardo de regimes que ainda ecoam horrores de quase 80 anos atrás. Sua estratégia: adotar uma abordagem cinematográfica que explora, sem grandes pudores, a sensualidade. E Tomasz Mandes, um dos principais nomes por trás dessa tendência, é a escolha natural para conduzir esse tipo de narrativa.

Codiretor da trilogia “365 Dias”, Mandes, aqui com “Desejo Proibido”, mantém parte de sua assinatura criativa, mas em um tom ligeiramente mais contido. O filme parte de um casamento cujas feridas ultrapassam a vida terrena e desencadeiam uma onda de emoções na protagonista, uma mulher racional, que, em tese, deveria superar a perda e seguir em frente.

Mas, quando o assunto é o desejo, as leis da lógica são frequentemente ignoradas. O roteiro, desenvolvido com Mojca Tirš, flerta com a ideia de inovação, mas a insistência em temperar a trama com cenas de intimidade excessivamente explícitas acaba limitando a profundidade da experiência. Apesar de oferecer uma narrativa de amor autêntico entre os protagonistas, a história é ofuscada por conflitos socioeconômicos pouco elaborados e um final que dificilmente surpreende.

A trama gira em torno de Maks, Olga e Maja, que compõem um triângulo amoroso previsível, mas que Mandes tenta manter oculto com uma dose excessiva de cautela. Maks, interpretado por Simone Susinna, pratica kitesurfe enquanto Olga, vivida por Katarzyna Sawczuk, busca prazer solitário no luxuoso palacete em que vive. A revelação desse arranjo amoroso não chega a surpreender o público, embora a construção narrativa insista em tratá-lo como um segredo de grandes proporções.

A montagem do filme é desordenada, saltando entre momentos de Maks e Olga em um flashback lírico e cenas atuais da protagonista em seu ambiente de trabalho. O espectador acompanha Magdalena Boczarska, no papel de Olga, tentando sustentar a trama, mas o resultado é uma narrativa dispersa e que demora a engajar.

O filme, em muitos aspectos, se assemelha a uma extensão de “365 Dias”, com suas crises internas e falta de direção clara. Mandes, no entanto, tenta elevar o material ao explorar as camadas mais sombrias do relacionamento familiar no ato final, mas acaba preso nas próprias armadilhas narrativas.


Filme: Desejo Proibido
Direção: Tomasz Mandes
Ano: 2023
Gêneros: Drama/Romance/Erótico
Nota: 7/10