Thriller de ação com Liam Neeson que fez a Netflix pagar 18 milhões para tê-lo no catálogo Divulgação / Envision Media Arts

Thriller de ação com Liam Neeson que fez a Netflix pagar 18 milhões para tê-lo no catálogo

Liam Neeson continua a ser uma figura central em Hollywood, especialmente quando o tema são personagens endurecidos, mas com um magnetismo peculiar. É o que ocorre em “Missão Resgate”, dirigido por Jonathan Hensleigh. Neeson, conhecido por “Busca Implacável” (2008-2014) e “A Chamada” (2023), assume novamente um papel que reflete as características pelas quais já se tornou notório.

A repetição de fórmulas é evidente, seja por sua escolha de roteiros, seja pela similaridade nas narrativas em que se envolve. Contudo, em “Missão Resgate”, a figura de um caminhoneiro que, ainda que relutante, acaba assumindo a missão de salvar um grupo de mineiros presos, traz consigo o charme e a força emocional do enredo. Esse equilíbrio é mérito tanto do roteiro cuidadoso de Hensleigh quanto das performances coesas do elenco, que criam um clima de emoções conflitantes, mas sempre autênticas.

Desde o início, um texto introdutório detalha a realidade dos condutores dos robustos caminhões Kenworth, veículos de mais de 30 toneladas que cruzam as traiçoeiras estradas de gelo mencionadas no título original. A montagem de Douglas Crise complementa essas informações visuais, destacando as vastas paisagens cobertas de neve branca, pontuadas pelos caminhos azuis e assustadoramente vastos, capturados pela fotografia de Tom Stern.

A explosão em uma mina de diamantes em Manitonka, no norte do Canadá, aprisiona mais de vinte trabalhadores, e o ambiente logo se transforma em um caldeirão de acusações, com os homens culpando-se mutuamente. Hensleigh insinua uma conspiração entre os mineiros, sugerindo que um crime mais grave do que parece pode ter ocorrido.

Enquanto no subterrâneo os trabalhadores se envolvem em discussões sobre os níveis perigosos de metano, aguardando com ansiedade a chegada dos equipamentos de resgate, a trama ganha ares de uma crônica social, reminiscente de “A Montanha dos Sete Abutres” (1951), de Billy Wilder. Paralelamente, o personagem de Neeson, Mike McCann, lida com seus próprios dilemas, inclusive com a saúde debilitada de seu irmão mais novo, Gurty, que sofre de problemas cognitivos após ter servido no Iraque.

Um incidente inesperado os deixa sem rumo mais uma vez. Marcus Thomas, mesmo com uma participação breve, é essencial para a profundidade emocional do filme, trazendo à memória o tom dramático de “O Salário do Medo” (1953), de Henri-Georges Clouzot, inspirado no livro de Georges Arnaud, publicado originalmente em 1949, mas ainda tão impactante como sempre.

O ponto alto do filme surge no terceiro ato, com reviravoltas bem orquestradas. Mike, graças à sua experiência com cargas pesadas e terrenos complicados, se vê envolvido na tentativa de resgate. Após a saída de Gurty de cena, surge Tantoo, uma jovem indígena vivida por Amber Midthunder, que também se junta ao esforço para salvar os mineiros. Entre ela e o protagonista, desenvolve-se um laço afetuoso, embora nunca consumado, que adiciona mais uma camada à trama.

O filme ainda desvenda um esquema de corrupção envolvendo aliados do ministro O’Toole, interpretado por Paul Essiembre. No final das contas, “Missão Resgate” é, em sua essência, uma história sobre pessoas de moral inflexível, onde Neeson entrega uma performance afiada, cheia de força e intensidade.


Filme: Missão Resgate 
Direção: Jonathan Hensleigh
Ano: 2021
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 8/10