Ficção científica baseada em filosofia do determinismo de Spinoza e utilitarismo de John Stuart Mill, na Apple TV Divulgação / Dirty Films

Ficção científica baseada em filosofia do determinismo de Spinoza e utilitarismo de John Stuart Mill, na Apple TV

Os últimos anos têm sido prolíficos para Riz Ahmed, que até pouco tempo era relativamente desconhecido. Em 2021, ele protagonizou o belíssimo e inovador “O Som do Silêncio”, que o levou a ser indicado ao Oscar de Melhor Ator. No ano seguinte, ele venceu o prêmio de Melhor Curta-Metragem com “The Long Goodbye”, obra que roteirizou e estrelou. Sua presença notável tem sido cada vez mais constante nos filmes. Em “Na Ponta dos Dedos”, ficção científica de Christos Nikou, ele mais uma vez traz sua sensibilidade ao interpretar Amir.

O enredo gira em torno de Anna (Jessie Buckley), uma jovem que vive em um futuro próximo e distópico, onde a ciência tenta interferir nos relacionamentos, determinando o que é ou não o amor verdadeiro. O filme perpassa um território similar ao de “Intruso”, de Garth Davis.

Por meio de análises de materiais genéticos, os casais são testados para saber se há compatibilidade amorosa entre eles. De acordo com a premissa, o amor pode ser explicado com base em uma comparação biológica dos envolvidos.

Anna, que namora há algum tempo Ryan (Jeremy Allen White), já testou seu relacionamento. O casal passou no teste de compatibilidade e sua relação se mantém firme e consistente há alguns anos. Eles parecem completamente satisfeitos com o destino que lhes foi reservado, até que Anna começa a questionar sua vida. Ela aceita um emprego no instituto onde esses testes de compatibilidade são realizados. Além dos exames, os casais recebem uma espécie de mentoria para aperfeiçoar seu amor, por meio de testes que beiram o absurdo.

É no instituto que Anna conhece Amir (Ahmed), que faz com que ela passe a questionar seus verdadeiros sentimentos por Ryan, a efetividade desses testes e se há algo maior e mais transcendental relacionado ao amor.

Com uma estética minimalista, o longa-metragem aborda temas filosóficos de natureza existencialista. A sensação é de que não muito acontece ao longo da história e que o ritmo é propositalmente lento. Isso se deve ao fato de que o diretor tenta criar uma atmosfera contemplativa, na qual os personagens examinam as próprias emoções e as sutilezas das relações interpessoais são abordadas.

Embora o filme se passe em um futuro ultratecnológico, o diretor optou por dar-lhe uma atmosfera vintage, onde os personagens não usam celulares e os aparelhos possuem estética antiquada.

Definitivamente, “Na Ponta dos Dedos” não é um filme que atende a todo tipo de público. Ele se destina mais àquele tipo que busca substância e material para reflexões férteis e profundas.


Filme: Na Ponta dos Dedos
Direção: Christos Nikou
Ano: 2023
Gênero: Drama/Romance/Ficção Científica
Nota: 8

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.