Baseado no existencialismo de Sartre, filme selvagem com Adrien Brody, para maiores de 18 anos, está na Netflix Divulgação / IFC Films

Baseado no existencialismo de Sartre, filme selvagem com Adrien Brody, para maiores de 18 anos, está na Netflix

Um homem leva uma vida simples, esforçando-se para superar antigos traumas e esquecer ressentimentos que pareciam do passado. No entanto, como é comum, essas questões não resolvidas retornam para assombrá-lo. Vasculhando fragmentos do que já foi, ele tenta se reinventar, mas, inevitavelmente, seus fantasmas o atormentam com ainda mais intensidade. O processo de expiação de uma vida inteira é árduo e não o deixa completamente curado, mas sim fortalecido, pronto para enfrentar novos desafios. Contudo, como um turbilhão, os eventos acabam trazendo-o de volta ao calabouço do qual havia escapado com dificuldade. Agora, como um guerreiro renovado, ele se prepara novamente, mas desta vez com novos métodos, evitando erros passados. Mais experiente e sábio, ele também está mais desgastado e desesperançado. Sua luta persiste apenas porque não conhece outra forma de viver.

O filme “Passado Violento” (2021), dirigido por Paul Solet, faz justiça ao seu título e poderia ter se beneficiado ao manter o nome original. Ele pode ser descrito como um coming-of-age de um personagem já adulto, confrontado com questões antigas que permanecem não apenas pendentes, mas ainda mais obscuras. A produção se destaca por várias razões, principalmente por ser um projeto muito pessoal de Adrian Brody, que não só atua como protagonista, mas também atua como produtor, co-roteirista e compositor da trilha sonora. Conhecido por sua interpretação de Władysław Szpilman em “O Pianista” (2002), Brody trouxe sua experiência ao filme, com a assistência crítica de Solet, que ajudou a elevar o projeto e evitar que ideias medianas fossem vistas como brilhantes. A colaboração entre Brody e Solet, já visível em “Alvo Triplo” (2017), garantiu que o novo empreendimento de Brody não fosse um erro.

No filme, Brody interpreta Clean, um lixeiro cuja identidade oficial nunca é revelada. Sua atuação expressa a angústia do personagem através de uma performance sóbria, complementada pela fotografia de Zoran Popovic, que amplifica a sensação de desorientação com suas imagens de tonalidades escuras e frias, refletindo as noites de Utica, Nova York. Clean está em busca de respostas e sofre com o que vê como um “ataque interminável de feiúra” ao seu redor, semelhante ao personagem Travis Bickle de Robert De Niro em “Taxi Driver” (1976). Embora Clean aspire a uma vida honesta, lidando com a sujeira de forma direta, seu passado violento permanece enigmático, exigindo que o público tire suas próprias conclusões, geralmente não favoráveis. No entanto, Clean, o lixeiro hipster de Utica, conquista a empatia do público. As cenas em que ele revirar o lixo em busca de sobras de metal para vender a Kurt, o comerciante de sucata interpretado por RZA, impulsionam a trama para um segundo ato violento. Neste momento, Clean abandona qualquer ilusão de felicidade e enfrenta Michael, o poderoso gângster local interpretado por Glenn Fleshler, em um esforço para proteger a honra de Dianda, sua enteada, interpretada por Chandler Ari Dupont, cuja verdadeira natureza se revela apenas no clímax da história.


Filme: Passado Violento
Direção: Paul Solet
Ano: 2021
Gêneros: Mistério
Nota: 8/10