Considerado um dos melhores filmes de 2023, filme ganhador do Oscar e que concorreu a outras 197 premiações está no Prime Video Divulgação / Focus Feature

Considerado um dos melhores filmes de 2023, filme ganhador do Oscar e que concorreu a outras 197 premiações está no Prime Video

Em “Os Rejeitados”, Alexander Payne e Paul Giamatti se reencontram depois de duas décadas, desde o lançamento de “Sideways — Entre Umas e Outras”. Este retorno marca uma colaboração que surpreende positivamente, destacando-se pelo amadurecimento da visão de Payne sobre os intricados aspectos das relações humanas. O filme mergulha na vulnerabilidade emocional dos personagens, focando especialmente em amores que, quando não correspondidos, beiram o patético e, mesmo assim, são universais e atemporais em sua essência.

David Hemingson, indicado ao Oscar pelo roteiro, constrói uma narrativa que nos transporta a uma época nostálgica, fincada nos anos 70, mas que carrega uma mensagem que ultrapassa qualquer barreira temporal. A fotografia de Eigil Bryld, com seu visual granuloso e tonalidades apagadas, reforça essa ideia de nostalgia e nos remete a um período indefinido, onde os sentimentos, dores e cicatrizes emocionais são perpetuamente revividos.

No centro dessa narrativa, está Paul Hunham, o professor de História Geral vivido por Giamatti, cuja presença em Barton Academy parece eterna. A escola, localizada em Vermont, é o cenário de uma vida regida por normas rígidas, disciplina e um controle quase tirânico sobre seus jovens alunos, rapazes de 14 a 17 anos. Giamatti encarna um professor que, ao mesmo tempo em que atua como uma figura paternalista, é o severo guardião de valores morais que orientam aqueles jovens, mas que, a qualquer momento, podem ceder ao caos.

O elenco jovem é introduzido através de Angus Tully, um típico adolescente da classe média americana que permanece no internato enquanto seus amigos são levados para luxuosas férias. A dinâmica entre os jovens estudantes e as ausências familiares se desenrolam com uma aparente leveza, até que a figura de Mary Lamb, interpretada por Da’Vine Joy Randolph, rompe o silêncio e traz à tona discussões incômodas, porém necessárias, sobre questões sociais e raciais da época.

A personagem de Randolph, uma cozinheira que perdeu o filho no Vietnã, simboliza a invisibilidade de mulheres negras, explorando o papel subalterno que elas foram obrigadas a desempenhar durante aquele período. Sua atuação é um dos pontos altos do filme, garantindo-lhe o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, especialmente na comovente cena da missa em homenagem ao filho falecido. Essa sequência, em particular, ecoa o peso histórico das vidas sacrificadas em guerras e as cicatrizes emocionais que tais perdas deixam.

Enquanto a narrativa se desenrola, a relação entre Paul Hunham e Angus Tully ganha profundidade, oferecendo ao público momentos de reflexão sobre a solidão, o medo do fracasso e o desejo de encontrar liberdade em meio a um ambiente opressivo. Ao final, “Os Rejeitados” revela-se uma delicada meditação sobre a condição humana, onde personagens, cada um à sua maneira, estão presos em vidas que não desejam, mas que, ainda assim, buscam desesperadamente um caminho para a redenção e a autonomia.


Filme: Os Rejeitados
Direção: Alexander Payne
Ano: 2023
Gêneros: Comédia/Drama 
Nota: 9/10