Drama com Michael Nyqvist e Emily VanCamp é um dos filmes mais dolorosos de assistir no Prime Video Divulgação / Varient

Drama com Michael Nyqvist e Emily VanCamp é um dos filmes mais dolorosos de assistir no Prime Video

Recentemente, um filme intitulado “A Garota de Miller” provocou polêmica ao abordar uma relação de tensão sexual entre um professor e uma aluna, vividos por Martin Freeman e Jenna Ortega, respectivamente. A atriz, que tem aparência bastante jovial, e cujos papeis são na maioria das vezes adolescentes menores de idade, causou estranhamento do público ao fazer cenas provocativas ao lado do ator veterano.

A Garota de Miller” trata sobre relações de poder e manipulação. Como adolescentes são facilmente manipuláveis por pessoas mais velhas, consideradas mentores e que servem de inspiração em alguma área da vida. Esses jovens se tornam presas fáceis, caso o mentor seja mal-intencionado.

O roteiro é similar ao de “A Garota do Livro”, drama de 2015, dirigido e escrito por Marya Cohn, que gira em torno de Alice (Emily VanCamp), uma mulher na casa dos 30 anos que trabalha em uma editora de livros. Seu emprego claramente foi conquistado pelo fato de Alice ser filha de um editor famoso, interpretado por Michael Cristofer, que lançou um sucesso literário escrito por Milan (Michael Nyqvist).

O livro se tornou um ícone da literatura norte-americana, mas o que o pai de Alice não sabe é que a história foi baseada na própria filha. Alice é incumbida por seu chefe irritante, Jack (Jordan Lage), a planejar o lançamento do livro digital de Milan. Alice, que não quer qualquer relação com o autor por conta do passado deles, acaba sendo convencida a fazer o trabalho, depois que Jack promete ler um manuscrito de uma nova escritora a quem Alice admira muito.

Conforme lê a história de Milan, relembra seu passado com ele, trazendo uma onda de desestabilidade emocional para Alice. Ela, que não é uma pessoa completamente satisfeita com sua vida, guarda traumas profundos de seu passado. Flashbacks levam os espectadores para a adolescência da protagonista, época em que sua família acreditava em seu potencial como escritora, colocando o peso da expectativa sobre ela.

Milan, que já trabalhava com o pai de Alice, se aproxima da garota como seu mentor, dando dicas de escrita e ajudando-a a estudar para as lições do ensino médio. No entanto, os dois passam a ter encontros secretos, em que Milan sugere que o relacionamento deles é mais profundo, tanto emocionalmente quanto fisicamente.

Depois de beijos e situações íntimas entre eles, o novo livro de Milan é lançado. Para a surpresa de Alice, é sobre a relação e a intimidade entre eles. Quando Alice revela à família que Milan se baseou nela para o livro, ele a desmente e diz que Alice criou sentimentos platônicos sobre ele.

Anos mais tarde, de volta à Alice aos 30 anos, que precisa encarar novamente seu abusador, vemos uma mulher emocionalmente abalada, que procura relações sexuais vazias para suprir o abismo que se abriu dentro dela, com dificuldades de aceitar o fato de que pode ser amada. Com traumas profundos em sua alma, ela precisa encontrar a cura para conseguir seguir com sua vida.

O interessante deste olhar de Cohn sobre vítimas de abuso, especialmente estes que envolvem pedofilia, é enxergar como a mente da vítima é manipulada pelo agressor. Ele faz com que a presa se sinta especial. Usa sua posição de poder para manipular um falso consentimento, afinal, a vítima não quer aquilo, mas acha que fazer o que seu abusador manda é a única maneira de fazê-lo amá-la.

“A Garota do Livro” é um drama doloroso e pesado e que necessita de uma boa dose de compreensão e sensibilidade.


Filme: A Garota do Livro
Direção: Marya Cohn
Ano: 2015
Gênero: Drama
Nota: 8