O explosivo filme de ação que fez Vin Diesel e Dwayne Johnson se agredirem após as filmagens está na Netflix Divulgação / Upi

O explosivo filme de ação que fez Vin Diesel e Dwayne Johnson se agredirem após as filmagens está na Netflix

“Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw” surge como um desdobramento intrigante da franquia, mantendo a velocidade característica, mas com um toque de humor que o diferencia dos títulos anteriores. Sob a direção de David Leitch, o filme se posiciona em uma espécie de limbo entre o oitavo filme da série, lançado em 2017 e dirigido por F. Gary Gray, e o nono, que chegaria em 2021 sob a batuta de Justin Lin. O que confere singularidade a “Hobbs & Shaw” é a sua liberdade de ignorar os padrões previamente estabelecidos ao longo de mais de duas décadas de filmes, abrindo espaço para que o diretor explore com mais profundidade os conflitos morais dos personagens. Essa complexidade emerge de forma sutil, embalada por diálogos carregados de trocadilhos e ironias, concebidos por Chris Morgan, Drew Pearce e Gary Scott Thompson, e que se destacam ainda mais quando saem da boca dos dois protagonistas musculosos e de temperamento forte, que precisam superar suas divergências em nome de um bem maior.

O enredo gira em torno de uma ameaça comum que força Luke Hobbs (Dwayne Johnson) e Deckard Shaw (Jason Statham) a deixarem de lado suas diferenças. Como é habitual nesse tipo de produção, a força da narrativa recai sobre os protagonistas, que seguem trajetórias paralelas até que a necessidade de união se torna inegável. O filme, assim, oferece uma reflexão curiosa sobre parcerias improváveis em meio ao caos.

Já em “Velozes e Furiosos 9”, Vin Diesel, como Dominic Toretto, vê sua carreira ameaçada por um revés inesperado em uma corrida, onde a entrada da curva dois guarda uma armadilha: o óleo derramado compromete sua performance, enquanto Kenny Linder, um adversário antigo, surge com mais torque e ameaça sua liderança. O filme de 2021, dirigido por Justin Lin, explora essa tensão entre a empolgação dos fãs e a indiferença de parte da crítica, gerada pela capacidade da franquia de subverter expectativas. Enquanto muitos esperam apenas cenas de ação alucinante e perseguições automobilísticas, Lin entrega algo mais profundo, em que os personagens, ainda que movidos por motores potentes, enfrentam desafios pessoais que vão além das ruas.

Em “Hobbs & Shaw”, no entanto, a abordagem é mais metódica. Se Statham e Johnson chutam o balde das convenções, fazem isso com um propósito bem delineado, oferecendo uma experiência que vai além do entretenimento superficial. O filme chega a flertar com referências a produções mais densas, como “Blade Runner 2049”, de Denis Villeneuve, onde o questionamento sobre o sentido de um produto cultural dentro de seu contexto temporal ganha destaque. Aqui, o paralelo é claro: “Hobbs & Shaw” reconhece seu legado dentro da franquia, mas não tem receio de seguir por um caminho próprio, adquirindo uma identidade que, embora derivada dos filmes anteriores, se reinventa e adquire novo significado.

O elenco de apoio, com nomes como Idris Elba e Vanessa Kirby, reforça o tom de apocalipse estilizado que permeia o filme. Elba, como o antagonista, e Kirby, como a irmã de Shaw, trazem uma camada extra de tensão e drama à história. Ao longo de sua trama, “Hobbs & Shaw” constrói um universo onde a ação desenfreada se encontra com um senso de urgência moral, e, por mais exagerada que a premissa possa parecer, ela ainda se mantém crível dentro do que se propõe a ser.

Dessa forma, este “Velozes e Furiosos” destaca-se justamente por ser diferente, sem abandonar o DNA que tornou a franquia tão bem-sucedida, mas adicionando elementos novos que tornam a experiência cinematográfica algo mais rico e variado do que se poderia imaginar.


Filme: Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw
Direção: David Leitch
Ano: 2019
Gêneros: Ação/Aventura
Nota: 8/10