Comédia romântica que ficou entre os mais vistos em mais de 80 países e permaneceu no Top 10 por 7 semanas, na Netflix Sasidis Sasisakulporn / Netflix

Comédia romântica que ficou entre os mais vistos em mais de 80 países e permaneceu no Top 10 por 7 semanas, na Netflix

As comédias românticas estão realmente saturadas? Se tomarmos como exemplo “A Mãe da Noiva”, é possível afirmar com certa segurança que o gênero ainda possui espaço para inovações. O filme aborda, com criatividade, os inúmeros dilemas que circundam relações amorosas, casamentos e cerimônias, tocando também em figuras-chave como sogras, pais e amigos.

Esses eventos, marcantes na vida de qualquer um, geram memórias profundas — mesmo que o relacionamento eventualmente fracasse. Aliás, em casos de separação, a lembrança daquele momento de felicidade quase sempre se torna ainda mais intrínseca, como um brilho passado que se recusa a desvanecer.

Sob a direção de Mark Waters, o filme revitaliza algumas ideias já vistas em outros bons exemplares do gênero, incluindo trabalhos anteriores do próprio diretor. Em “E Se Fosse Verdade” (2005), por exemplo, uma história de amor sobrenatural se desenvolve mesmo após a morte de um dos personagens. Já em “A Casa do Sim” (1997), o amor impossível é tratado com doses de humor.

Em “A Mãe da Noiva”, o roteiro de Robin Bernheim explora as inseguranças de uma mulher que, prestes a se casar, se vê confrontada com as críticas ácidas de sua mãe em relação ao futuro marido. As dúvidas da mãe, por sua vez, estão enraizadas em uma experiência amarga do passado com o pai do noivo. Embora o enredo tenha potencial, o filme se perde ao tentar levar essa situação demasiadamente a sério, resultando em momentos forçados e inverossímeis.

Se houvesse uma fórmula mágica para garantir o sucesso de relacionamentos, certamente o criador dessa descoberta estaria não apenas milionário, mas imortalizado em todos os meios culturais. Esse “salvador” dos romances seria tão discutido e exaltado que, provavelmente, se arrependeria de sua invenção.

E talvez se perguntasse repetidas vezes por que tal solução deveria existir, já que muitos casais, na verdade, nunca deveriam ter se comprometido. No entanto, ao contrário de focar em salvar relações fracassadas, muitos dedicam seu tempo a algo mais prático: facilitar o fim de relacionamentos que já não têm futuro. E são justamente esses ex-amantes incômodos que movem as engrenagens das comédias românticas.

Na trama, Emma e RJ, aproveitando suas férias, decidem acertar os detalhes de seu casamento, que ocorrerá em um mês na Tailândia. O filme logo revela uma relação distante entre Emma e sua mãe, Lana, que nada sabe sobre o noivo da filha. O desenrolar dos acontecimentos logo insinua que o futuro genro pode ter uma ligação com o passado de Lana. Mark Waters, no entanto, entrega uma direção superficial, deixando o público se perguntando por que os personagens parecem tão desconectados entre si.

A falta de química entre os protagonistas Miranda Cosgrove e Sean Teale ecoa para o casal mais velho, Lana e Will, interpretados por Brooke Shields e Benjamin Bratt. Ambos parecem perdidos em uma trama que pouco lhes oferece em termos de desenvolvimento.

A única salvação do filme vem dos personagens secundários, Clay e Scott, interpretados por Michael McDonald e Wilson Cruz, que conseguem arrancar risadas e adicionar algum peso à história. No entanto, o resultado final é um caldeirão morno de clichês e diálogos sem brilho, exatamente o oposto do que uma comédia romântica de qualidade deveria ser.

Com “A Mãe da Noiva”, a fórmula das comédias românticas tropeça, mostrando que, sem inovação verdadeira e personagens cativantes, até mesmo os gêneros mais queridos do cinema podem parecer desgastados. Embora o filme tente se apoiar no carisma de seus atores e em algumas piadas ligeiramente engraçadas, ele se afunda em uma narrativa previsível e sem profundidade.


Filme: A Mãe da Noiva
Direção: Mark Waters
Ano: 2024
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 7/10