Para que “Velozes e Furiosos” ficasse completa, estava faltando que o Brasil entrasse na brincadeira. A série de histórias sobre homens musculosos não muito dados a sutilezas como leis e valores civilizatórios e mulheres voluptuosas que os acompanham em jornadas suicidas a bordo de máquinas de duzentos mil dólares caiu no gosto do público brasileiro, boa parte dele muito inclinado a esses três elementos basilares da franquia, e então surge “Velozes e Furiosos 5 — Operação Rio”, um apanhado de cenas em que marmanjos em sedãs vistosos roubam cofres de banco e os arrastam pelas ruas do cartão postal por excelência de Pindorama enquanto policiais taroucos suam para contê-los. Justin Lin acumulou vasta experiência nesse gênero, e justiça se lhe faça, tornou-se um dos melhores do ramo, mas “Operação Rio” denuncia um certo cansaço das tramas estreladas por Vin Diesel, ainda que novos protagonistas a exemplo de Paul Walker (1973-2013) e Jordana Brewster remexam um pouco a brasa e tirem dela alguma novidade quente no terceiro dos filmes em que o trio se junta, agora também acompanhados de Dwayne Johnson. Mesmo que o clichê acabe prevalecendo.
Digamos que o roteiro de Chris Morgan e Gary Scott Thompson prima pela concisão, deixando que a audiência relembre (ou crie) o passado desses personagens. Se palavras não são o forte de “Operação Rio”, Lin supera expectativas ao destrinchar as inúmeras sequências de ação, cautelosamente metabolizadas na montagem de Kelly Matsumoto, Fred Raskin e Christian Wagner. Mas não há perdão para um conto sobre a degenerescência moral de jovens viciados em cheiro de gasolina e borracha derretida com o Brasil como pano de fundo que escala para vilão um português. Vivido por Joaquim de Almeida, Reyes, um chefão do tráfico carioca, vira a pedra no sapato de Dominic Toretto e sua gangue, até que a narrativa dá um cavalo de pau, e Diesel encarna o anti-herói indisciplinado de sempre, usurpando a fortuna do dono do morro.
“Velozes e Furiosos 5 — Operação Rio” é decerto a mais confusa das doze produções, e contando — “Velozes e Furiosos 10: Parte 2” já está previsto para 2026 —, malgrado a habilidade do elenco em desafiar a lei da gravidade nunca deixe de impressionar. É a essência da velha escola que pulsa em Lin, que rejeita a computação gráfica e aposta mesmo é em ensaios fatigantes e coreografias milimetricamente pensadas, o que mantém essa chama ardendo. E que ninguém tente nenhuma daquelas estripulias em casa.
Filme: Velozes e Furiosos 5 — Operação Rio
Direção: Justin Lin
Ano: 2011
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 7/10