Baseado em história real e desesperadora da Segunda Guerra Mundial, filme indicado a 3 estatuetas do Oscar está na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Baseado em história real e desesperadora da Segunda Guerra Mundial, filme indicado a 3 estatuetas do Oscar está na Netflix

O cinema tem uma capacidade única de resgatar figuras históricas e contar suas trajetórias com nuances e profundidade, muitas vezes revelando a grandeza de personagens que, de outra forma, poderiam ser esquecidos. No filme “Invencível”, dirigido por Angelina Jolie, essa missão se cumpre ao retratar a vida de Louis Zamperini (Jack O’Connell).

Filho de imigrantes italianos estabelecidos nos Estados Unidos, Zamperini foi um talentoso corredor que brilhou no cenário esportivo mundial nas primeiras décadas do século 20. Em 1936, ele participou dos Jogos Olímpicos de Berlim, competindo nos 5.000 metros. Embora não tenha levado uma medalha para casa, seu desempenho foi impressionante o suficiente para ganhar atenção internacional.

O longa-metragem mergulha também na infância de Zamperini, quando ele, ainda um garoto rebelde e aparentemente sem rumo, encontrou na corrida um propósito, incentivado por seu irmão mais velho. Essa mudança de direção o levou a se destacar em competições escolares, quebrar recordes e, eventualmente, garantir sua vaga nas Olimpíadas. Sua jornada de superação e resiliência não se limitou ao esporte.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, Zamperini se alistou na Força Aérea dos Estados Unidos, e foi durante uma missão que sua vida deu uma guinada dramática. Seu avião, o B-24 Liberator, caiu no oceano Pacífico, forçando Louis e seus colegas de tripulação, Phil (Domhnall Gleeson) e Mac (Finn Wittrock), a lutarem pela sobrevivência.

À deriva em um bote salva-vidas por 47 dias, eles enfrentaram uma série de desafios brutais: a fome devastadora, o calor escaldante do sol, a falta de água, ataques de tubarões, tempestades avassaladoras e até bombardeios de aviões inimigos. Durante esse período angustiante, Mac não resistiu e faleceu, deixando apenas Phil e Louie para continuar lutando por suas vidas.

Quando finalmente foram resgatados, a situação estava longe de ser uma salvação. Capturados pela Marinha Imperial Japonesa, os dois foram enviados para campos de prisioneiros de guerra, onde foram submetidos a torturas físicas e psicológicas nas mãos de seus algozes. Mesmo com as terríveis condições que enfrentou nos campos de prisioneiros, onde era tratado de forma cruel, Louis resistiu, desafiando todas as probabilidades e sobreviver até o final do conflito, em 1945. Por muito tempo, ele foi dado como morto pelos Estados Unidos, mas seu retorno ao lar foi um símbolo de resistência e coragem.

No entanto, a guerra deixou cicatrizes profundas. Zamperini voltou para casa, mas as marcas dos anos de sofrimento ficaram evidentes. Ele teve que lidar com os efeitos do estresse pós-traumático, que o levou ao alcoolismo e a enfrentar fantasmas internos. Contudo, em meio à escuridão, ele encontrou um novo caminho. Convertido ao cristianismo, Louis dedicou sua vida a inspirar e ajudar jovens que enfrentavam dificuldades, usando sua própria história como exemplo de resiliência e fé.

“Invencível” conquistou reconhecimento, recebendo três indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Baseado na obra “Unbroken: A World War II Story of Survival, Resilience, and Redemption”, de Laura Hillenbrand, o filme foi adaptado para o cinema por uma equipe de peso:

Joel e Ethan Coen, Richard LaGravenese e William Nicholson. Os irmãos Coen concentraram seus esforços em organizar a estrutura do roteiro de forma que os momentos mais cruciais da vida de Zamperini fossem destacados, enquanto LaGravenese e Nicholson trabalharam para criar um equilíbrio perfeito entre drama e ação, garantindo que a narrativa fosse tanto emocionante quanto inspiradora.

O próprio Louis Zamperini faleceu em 2014, no ano em que o filme foi lançado. Ele teve a chance de assistir a uma versão preliminar da produção enquanto estava hospitalizado. Como um último pedido, solicitou que o filme não se aprofundasse em sua fé cristã, preferindo que sua história alcançasse uma audiência mais ampla e universal, destacando suas lutas e conquistas como um legado de perseverança humana. O filme, portanto, cumpre esse desejo, contando uma história que transcende barreiras religiosas, culturais e temporais, e se torna uma homenagem duradoura ao espírito indomável de Louis Zamperini.


Filme: Invencível
Direção: Angelina Jolie
Ano: 2014
Gênero: Drama/Guerra
Nota: 9