Desde que Steven Spielberg lançou o icônico “Tubarão” em 1975, esses predadores marinhos, com suas fileiras de dentes afiados e comportamento letal, passaram a habitar os pesadelos de muitos. O impacto da obra foi tão profundo que consolidou a imagem dos tubarões como criaturas temíveis, despertando fobias até mesmo em quem raramente se aproxima do mar. De fato, esses animais possuem habilidades notáveis: suas múltiplas fileiras de dentes, a cabeça achatada que favorece a hidrodinâmica, uma velocidade impressionante de até 25 km/h e uma visão tão aguçada que pode detectar presas a 600 metros de distância. Além disso, são capazes de perceber vibrações na água, tornando-os predadores implacáveis.
Com o sucesso estrondoso de “Tubarão”, não só vieram sequências diretas, mas também um verdadeiro subgênero de filmes onde tubarões, crocodilos, piranhas e outras criaturas aquáticas assumiram o papel de vilões. Em 2023, Marcus Adams lançou o thriller “Terror nas Profundezas”, que segue essa tradição de medo nas águas profundas. A trama é centrada em Naomi (Mãdãlina Ghenea), uma mergulhadora experiente, e seu noivo Jackson (Ed Westwick). O casal navega por águas caribenhas em direção a Granada, quando Naomi se depara com um pedido de socorro vindo de Maria (Macarena Gómez) e Tomas (John-Paul Pace), sobreviventes de um naufrágio.
Desde o início, o público percebe que algo não está certo com os recém-chegados. Sua postura agressiva e desconfiança levantam suspeitas, intensificadas quando proíbem Naomi de contatar a guarda costeira, alegando serem refugiados. Maria implora ajuda para salvar seu irmão, preso no barco afundado. Mesmo incrédula quanto às chances de sobrevivência, Naomi, movida por um senso de dever, mergulha acompanhada de Tomas. Para surpresa geral, eles encontram José (Stany Coppet) ainda vivo, mas a verdadeira batalha pela sobrevivência está apenas começando.
Na subida à superfície, o trio é atacado por tubarões famintos. Tomas não escapa, tornando-se presa das feras. Naomi e José conseguem retornar ao iate, mas logo a protagonista descobre que a verdadeira ameaça não são apenas os predadores marinhos. Maria e José revelam-se traficantes perigosos, transformando Naomi em refém. Enquanto isso, Jackson, que fracassa em obter ajuda das autoridades, parte em uma missão solo para resgatar sua noiva, guiado apenas pelo GPS. Ao chegar, encontra-se em uma situação repleta de perigos, tendo que lutar contra tubarões e criminosos para salvar sua amada.
Apesar da premissa promissora, “Terror nas Profundezas” falha em oferecer algo além do clichê de filmes desse tipo. A escolha de hispânicos para representar os vilões levanta questões sobre xenofobia, perpetuando estereótipos desgastados. O desenvolvimento dos personagens é raso e o enredo segue uma linha previsível, sem surpresas significativas ou um desfecho que realmente impacte o público. Para aqueles que buscam um entretenimento sem maiores pretensões, o filme pode até ser uma escolha válida. No entanto, comparado ao legado deixado por “Tubarão”, “Terror nas Profundezas” parece apenas mais uma tentativa de capturar a magia do original, sem o brilho ou a inovação que o gênero tanto precisa.
Em suma, enquanto “Tubarão” redefiniu o medo nas águas, “Terror nas Profundezas” não se distancia dos filmes de tubarões convencionais que surgiram desde então. Embora a tensão e os momentos de adrenalina sejam suficientes para agradar alguns espectadores, o filme se perde em sua superficialidade e na falta de originalidade, deixando claro que a era de filmes sobre tubarões mortais ainda tem espaço, mas precisa urgentemente de narrativas mais elaboradas e menos previsíveis.
Filme: Terror nas Profundezas
Direção: Marcus Adams
Ano: 2023
Gênero: Terror / Suspense
Nota: 7/10