O filme de estreia de Zelda Williams, filha do falecido ator Robin Williams, “Lisa Frankenstein” é uma releitura modernizada de “Frankenstein”, de Mary Shelley. Ambientado na década de 1980, o longa-metragem encapsula comédia, horror, romance e ficção científica em uma mistura sombria e divertida.
No enredo, Lisa (Kathryn Newton) é uma adolescente excêntrica que enfrenta traumas, incluindo a perda violenta de sua mãe, assassinada por um maníaco com um machado. O pai de Lisa, Dale (Joe Chrest), casa-se novamente após a tragédia, unindo a família à antipática madrasta Janet (Carla Gugino), que também tem uma filha da idade de Lisa, Taffy (Liza Soberano).
As duas irmãs adotivas têm personalidades completamente opostas. Lisa, com um estilo inspirado em Madonna, é introspectiva, peculiar e cultiva um gosto refinado por filmes, música e poesia. Já Taffy é bonita, popular e superficial. Apesar dessas diferenças, Taffy tenta incluir Lisa e fazê-la sentir-se aceita. Ela demonstra afeto e proteção, buscando defendê-la da rejeição dos colegas do ensino médio, algo que se revela cada vez mais ao longo da trama.
Lisa nutre um interesse por Michael Trent (Henry Eikenberry), um atleta que tenta se aproximar dela, embora Taffy insista que ele não é o suficiente para sua irmã adotiva. Após ser drogada e atacada em uma festa, Lisa, desolada, chora no túmulo de um jovem desconhecido, desejando que ele volte à vida enquanto olha sua estátua.
Surpreendentemente, o desejo de Lisa é atendido, e ela é atacada por um zumbi dentro de sua casa. Após uma cena de perseguição grotesca, ambos começam a se conhecer e a desenvolver uma relação. Lisa utiliza uma máquina de bronzeamento artificial para reanimar o cadáver, agora parcialmente desmembrado. Após o ressurgimento, ele inicia uma onda de assassinatos, e Lisa, fascinada, o ajuda a costurar partes de outras pessoas em seu corpo. Eles se apaixonam e se tornam cúmplices de assassinatos em série, além de almas gêmeas.
Com uma estética que combina o gótico e o charme oitentista, “Lisa Frankenstein” segue a linha de filmes como “Os Fantasmas se Divertem”, “O Estranho Mundo de Jack” e “Edward Mãos de Tesoura”, todos de Tim Burton. O longa também encontra inspiração em “The Rocky Horror Show” e faz diversas referências cinematográficas, como o cineasta austríaco Georg Wilhelm Pabst, além de evocar obras como “Da Magia à Sedução”, “Viagem à Lua”, de Georges Méliès, e “Garota Infernal”, escrito pela mesma roteirista, Diablo Cody.
“Lisa Frankenstein” não traz lições morais explícitas, mas insinua que sempre há alguém compatível conosco, independentemente de quão diferentes possamos ser. Estranhamente adorável, atemporal e divertido, o filme tem todos os elementos para se tornar um clássico no estilo de Tim Burton.
Filme: Lisa Frankenstein
Direção: Zelda Williams
Ano: 2024
Gênero: Comédia/Terror/Ficção Científica/Romance
Nota: 10