Stu Macher e Billy Loomis, os assassinos da série “Pânico”, continuam aprontando. Depois da chacina de Woodsboro, no Médio Atlântico dos Estados Unidos, há 28 anos, essas figuras lendárias da cultura pop mostram-se ainda enérgicas o bastante para dar mais algum fôlego para o enredo inaugurado por Wes Craven (1939-2015) naquele distante 1996, e, ao que tudo leva a crer, “Pânico 7” coroará as três décadas da franquia de terror slasher mais bem-sucedida da história da indústria cinematográfica, fonte de inspiração de paródias, festas temáticas, comerciais de televisão e, claro, a inconfundível cara de fantasma nunca deixou de rodar o mundo, surgindo aos borbotões no Halloween e no Carnaval. Agora, Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett requentam alguns dos mistérios de “Pânico 5”, tomando o cuidado de deixar uns Easter eggs, umas pistas — verdadeiras ou falsas — ao longo do caminho. James Vanderbilt e Guy Busick, por seu turno, seguem com rigor as coordenadas do minucioso texto original de Kevin Williamson, outra razão da boa fortuna dessas produções.
Valores caros à civilização, sem os quais todos já teríamos soçobrado em meio a conflitos armados cada vez mais frequentes, relações íntimas marcadas pelo abuso e pela psicopatia, a justa descrença quanto a alguma evolução, precisam ser permanentemente resgatados para que não nos esqueçamos da nossa humana condição, desventurada em essência, porém cheia de fantasiosas possibilidades. Cidadezinhas que escondem segredos perversos, materializados por figuras excêntricas que não se adequam ao cotidiano um tanto rígido da comunidade onde nasceram, foram se tornando um subgênero poderoso do terror.
Laura Crane, uma professora de cinema que sofre para ministrar nas aulas de, adivinhem, terror slasher do século 20 para adolescentes bêbados, só quer ter uma boa noite de conversa, drinques e, quem sabe, algo mais enquanto espera por seu acompanhante num tal Hasta el Fuego. Sua alegria acaba bruscamente quando, atraída para uma emboscada, é morta por alguém que enverga a máscara diabólica do Ghostface, e Samara Weaving abre o enredo para muitos outros ataques, mortais ou não. Logo, Bettinelli-Olpin e Gillett sacam da cartola os elementos com que o público já está familiarizado, refrescando-lhe a memória sobre o trauma de Samantha Carpenter, acusada por uma leva de novos massacres em Woodsboro, falando também a respeito de Tara, sua irmã, padecendo das neuroses superprotetoras de Sam, de quem pensou ter conseguido fugir indo morar em Nova York para estudar. Melissa Barrera e Jenna Ortega prestam-se a ótimas mestres de cerimônia nesse volume, com todo o sangue a que a audiência tem direito, e revelações quase estarrecedoras sobre gente que elas julgavam amiga.
Filme: Pânico 6
Direção: Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett
Ano: 2023
Gêneros: Terror/Crime
Nota: 8/10