Ganhador de 6 Oscars e dirigido por George Miller, o maior filme de ação da história do cinema está no Max Divulgação / Warner Bros.

Ganhador de 6 Oscars e dirigido por George Miller, o maior filme de ação da história do cinema está no Max

Publicado em 1651, “Leviatã”, de Thomas Hobbes, discorre sobre a inabilidade humana de conduzir uma evolução e ordem duradouras nos governos. Hobbes, não exatamente um democrata, era um fervoroso monarquista absolutista que via no despotismo uma forma de garantir privilégios àqueles próximos ao poder, distantes dos cidadãos comuns. Segundo ele, o homem, em sua essência, é um ser egoísta e incapaz de respeitar hierarquias que visem ao bem comum, como a construção de uma sociedade igualitária, onde todos tenham os mesmos direitos e obrigações.

O homem é, de fato, o maior inimigo de si mesmo, algo que Max Rockatansky experimenta diretamente. Neste mundo distópico, onde as mais profundas transformações e misérias humanas são exacerbadas, Max, o renegado, o suicida, o revolucionário, luta pela sobrevivência contra um tirano que detém o poder absoluto ao controlar o recurso essencial para a vida: a água. Max, como um viajante perdido, acaba sob o domínio de Immortan Joe, um líder perigoso que transforma o planeta em um deserto interminável, onde a luta pela sobrevivência é brutal.

“Mad Max: Estrada da Fúria”, lançado em 2015, trinta anos após “Além da Cúpula do Trovão”, é uma representação do caos. Neste mundo devastado, alguns homens valem mais que outros, e em um lugar sem leis, tudo é permitido. Immortan Joe, com seu harém e poder absoluto, é um exemplo claro de como o poder corrompe, legitimando atrocidades em nome de uma suposta superioridade. O filme explora com maestria a degradação humana pós-apocalíptica, onde a tirania é sustentada pela complacência de uma sociedade que permite a ascensão de líderes despóticos.

Assim como ditadores da história, Immortan Joe é o produto de um sistema corrompido. Para manter o poder, ele precisa não apenas de seguidores, mas também de recursos vitais como sangue, que, assim como a água, torna-se um luxo. É nesse contexto que Max é capturado e encontra Furiosa, uma guerreira que se rebela contra Joe em busca de liberdade, desafiando sua tirania e tentando libertar as mulheres escravizadas. Furiosa, inicialmente uma anti-heroína, emerge como uma redentora, assumindo o papel de protagonista em um filme marcado pela brutalidade.

Nas cenas iniciais, um comboio parte em busca de recursos escassos, mas o verdadeiro objetivo de Furiosa é resgatar as Cinco Esposas, escravas de Immortan Joe. Este ato de rebeldia se torna o coração da narrativa, simbolizando a luta pela liberdade e a solidariedade entre mulheres em um mundo dominado pela opressão. George Miller constrói um roteiro que, além de abordar questões de sobrevivência, também explora a sororidade e a busca por autonomia em um cenário onde a liberdade é um luxo raro.

A tetralogia “Mad Max” deixa um gosto amargo, uma sensação de violência e desesperança. Contudo, “Mad Max: Estrada da Fúria” vai além de um simples delírio distópico; é um alerta sobre o caminho perigoso que a humanidade pode trilhar, rumo a uma destruição quase total. Sem um leviatã para nos guiar, ou uma Furiosa para nos salvar, o futuro pode ser ainda mais sombrio.


Filme: Mad Max: Estrada da Fúria
Direção: George Miller
Ano: 2015
Gêneros: Ação/Aventura/Ficção Científica
Nota: 10