Obra-prima escondida no Max com Jenna Ortega e Maddie Ziegler é terapia para o coração Divulgação / Good Pals

Obra-prima escondida no Max com Jenna Ortega e Maddie Ziegler é terapia para o coração

A atriz e cineasta canadense Megan Park, de 38 anos, estreou como diretora de longas-metragens com “A Vida Depois”, um drama lançado em 2021. Tiroteios em escolas têm sido tema de muitos filmes, cada um tentando trazer uma nova perspectiva e compreensão dos eventos. A abordagem de Megan Park, neste caso, se destaca por sua originalidade.

Jenna Ortega, conhecida por seu papel como Wandinha na série de Tim Burton na Netflix, interpreta Vada Cavell, uma adolescente do ensino médio que vive uma experiência de quase morte quando sua escola é atacada por um colega armado. No momento dos disparos, Vada havia se retirado para o banheiro para conversar por telefone com sua irmã mais nova, que a informava sobre sua primeira menstruação.

No mesmo banheiro, está Mia Reed (Maddie Ziegler), uma garota bonita e popular que se maquiava em frente ao espelho. As duas não são amigas, mas, ao ouvirem os tiros, elas se dão as mãos e se escondem em uma das cabines individuais. Dominadas pelo pânico e pelo instinto de sobrevivência, as duas se equilibram em cima da privada. Até que uma pessoa abre a porta do banheiro e se esconde na cabine ao lado.

Quinton (Niles Fitch) avisa que não é o atirador. Ele passa por debaixo da divisória e se junta às duas garotas, também se equilibrando sobre o vaso sanitário. No entanto, Quinton está com as roupas manchadas de sangue. Vada pergunta se ele foi ferido, e Quinton responde que não, mas que seu irmão, que estava com ele, foi baleado. Minutos depois, o som de sirenes e vozes de policiais ordenando que o atirador se renda.

A cena é interrompida, e vemos Vada jogada sobre sua cama, no quarto de sua casa. Reunida à mesa, a família tenta conversar com ela. Aparentemente amorosa, compreensiva e preocupada, a família de Vada quer encontrar a melhor forma de ajudá-la a superar o trauma do ocorrido. No entanto, Vada parece não saber como lidar com a situação, muito menos como deve ser tratada. Ela se recusa a voltar para a escola, dominada pelo medo. Seus dias, agora vazios, são preenchidos pela companhia de Mia e Quinton, que se tornam seus novos amigos, unidos pela experiência traumática.

Antes do incidente, o melhor amigo de Vada era Nick (Will Ropp), que também sobreviveu ao tiroteio. Entretanto, a forma como Nick lida com o ocorrido é diferente. Ele se envolve em ações para combater a violência nas escolas e se engaja em levar a discussão sobre o desarmamento ao cenário político. Vada se sente desconectada de Nick, pois, ao contrário dele, não consegue reagir de forma alguma. Sua maneira de lidar com a situação é ignorando tudo.

Megan Park aborda diferentes maneiras de reagir ao estresse pós-traumático. Vada, Mia e Quinton apresentam comportamentos únicos, independentes e idiossincráticos, embora, de certa forma, um ajude o outro a lidar com a própria dor. O problema de Vada é que ela escolhe não enfrentar a situação, permanecendo assim emocionalmente estagnada.

Com um ritmo lento, mas carregado de complexidade e com uma angústia que se transmite de maneira intensamente autêntica, “A Vida Depois” oferece uma experiência de reflexão marcante e esclarecedora. Muitas vezes, optamos por nos fechar em nós mesmos para evitar enfrentar a dor.


Filme: A Vida Depois
Direção: Megan Park
Ano: 2021
Gênero: Drama
Nota: 9