Comédia romântica com Glen Powell foi assistida por 80 milhões de assinantes da Netflix Divulgação / Netflix

Comédia romântica com Glen Powell foi assistida por 80 milhões de assinantes da Netflix

No movimentado cenário de um arranha-céu nova-iorquino, dois estagiários se cruzam nos corredores, ocupados em agradar seus superiores, cujos comportamentos abusivos e tóxicos definem o tom de seus dias. Assim se inicia “O Plano Imperfeito”, uma comédia romântica dirigida por Claire Scanlon e roteirizada por Katie Silberman. Este filme destaca Glen Powell, um dos favoritos da atualidade em Hollywood, no papel de Charlie, assistente de Rick (interpretado por Taye Diggs), um poderoso consultor financeiro. Ao lado, encontramos Harper (Zoey Deutch), uma estagiária que nutre o sonho de escrever para o influente blog de sua chefe, a jornalista esportiva Kirsten (vivida por Lucy Liu).

A direção de Scanlon e o roteiro de Silberman capturam a feroz competitividade do mercado de trabalho em Manhattan, evocando um ambiente que lembra o de “O Diabo Veste Prada”, onde a sátira sobre a vida profissional caótica se faz presente. Rick e Kirsten, retratados como workaholics de sucesso e mimados, possuem suas próprias empresas e utilizam essa posição para subjugar seus assistentes. Charlie e Harper, iniciantes na carreira, submetem-se às ordens de seus chefes, temendo o fracasso e a consequente ruína profissional.

Reconhecendo a semelhança de suas situações, os dois assistentes arquitetam um plano audacioso: aproximar Rick e Kirsten, de modo que o interesse romântico mútuo os distraia, dando a Charlie e Harper um alívio das intermináveis tarefas e demandas que invadem seus horários de folga. A ideia é simples: se os chefes estiverem focados um no outro, terão menos tempo para sobrecarregar seus subordinados com trabalhos não essenciais.

A exploração enfrentada por Charlie e Harper é tamanha que eles constantemente se encontram como os últimos a deixar seus escritórios, muitas vezes já tarde da noite, e quase nunca desfrutam de fins de semana livres. Ainda assim, sua juventude e falta de experiência os levam a acreditar que esse sacrifício inicial será recompensado com oportunidades futuras, promoções e um currículo enriquecido.

Com sua vasta experiência em comédias, incluindo séries icônicas como “The Office”, “Brooklyn Nine-Nine”, “Unbreakable Kimmy Schmidt” e “The Good Place”, Scanlon infunde cenas absurdas e hilárias nas desventuras de Charlie e Harper. Esses momentos cômicos, embora exagerados, são facilmente identificáveis por qualquer um que já tenha enfrentado um ambiente de trabalho opressivo.

O plano de unir Rick e Kirsten, em um primeiro momento, parece funcionar perfeitamente. Depois de um encontro inusitado no elevador do prédio, seguido por outra ocasião em um jogo de baseball, os dois chefes começam a se envolver romanticamente, facilitando a vida de seus assistentes. Paralelamente, a aliança forçada entre Charlie e Harper evolui para uma amizade genuína, marcada por cumplicidade e apoio mútuo.

Como esperado em comédias românticas, o verdadeiro foco do filme é o desenvolvimento do relacionamento entre os próprios Charlie e Harper. As tentativas dos dois de manipular a relação de seus chefes acabam criando situações que ameaçam colocar em risco todo o esforço que dedicaram a sua bem-sucedida empreitada de matchmakers.

“O Plano Imperfeito” revela-se uma experiência cinematográfica divertida e agradável. A química entre Glen Powell e Zoey Deutch é palpável, transmitindo carisma e uma conexão que transcende a tela. Os personagens que interpretam são representações fiéis de jovens profissionais, lidando com as complexidades dos relacionamentos amorosos, as dificuldades financeiras e o delicado equilíbrio entre vida pessoal e carreira. A autenticidade dos personagens torna-os facilmente identificáveis e próximos ao público.

Além dos protagonistas, o filme conta com a presença marcante de Pete Davidson, que empresta seu humor característico e timing impecável ao personagem Duncan, colega de quarto de Charlie. Seu desempenho cativante deixa a sensação de que mais cenas e um papel maior lhe fariam justiça.

No todo, “O Plano Imperfeito” é creditado por revitalizar o gênero da comédia romântica, que vinha enfrentando uma fase de baixa criatividade. A produção de Scanlon oferece uma narrativa leve e cativante, um sopro de ar fresco em meio ao cenário saturado de dramas e tramas complexas, entregando ao público um entretenimento descomplicado e envolvente.


Filme: O Plano Imperfeito
Direção: Claire Scanlon
Ano: 2018
Gênero: Comédia/Romance
Nota: 8/10