Com a 8 vezes indicada ao Oscar Glenn Close, terror está na Netflix Divulgação / Netflix

Com a 8 vezes indicada ao Oscar Glenn Close, terror está na Netflix

Todas as culturas alimentam inúmeras lendas, mitologias e histórias místicas. O Brasil deve ter centenas delas, algumas mais conhecidas e divulgadas do que outras. Os Estados Unidos, como um palco de histórias narradas através do cinema, conseguem, como nenhum outro, amplificar as suas, levando-as mundo afora. É o caso de “A Libertação”, filme do duas vezes indicado ao Oscar Lee Daniels. Nome por trás de “Preciosa: Uma História de Esperança” e “O Mordomo da Casa Branca”, Daniels lançou neste ano o suspense “A Libertação”, estrelado por Glenn Close e Mo’Nique, além de Caleb McLaughlin, um dos protagonistas da série “Stranger Things”.

Em “A Libertação”, Daniels narra a história real da família de Latoya Ammons, aqui nomeada Ebony e interpretada por Andra Day. Ela, seus três filhos — Shante (Demi Singleton), Andre (Anthony B. Jenkins) e Nate (McLaughlin) —, e sua mãe Alberta (Glenn Close) se mudam para uma nova casa, onde coisas estranhas começam a acontecer.

Casas mal-assombradas são a força propulsora do terror hollywoodiano. Mesmo assim, essas narrativas se mantêm populares, apesar da falta de originalidade e novidade. Talvez o que alimente a fantasia do público seja o fato de serem “baseadas em histórias verdadeiras”, amplificando a curiosidade e o medo.

Certamente você nunca viu Glenn Close em um papel como este. Aqui, ela é mãe de uma filha afro-americana, que está sob a vigilância constante da assistente social Cynthia, já que seu ex-marido quer fazê-la perder a guarda das crianças. Alberta está no meio de um tratamento contra o câncer, e a filha está passando por crises financeiras. A vida para essa família não está nada fácil.

As coisas, no entanto, parecem piorar quando se mudam para a nova casa, que parece motivar um comportamento estranho nas crianças, que agora estão se ferindo propositalmente. Andre, o caçula, ainda parece entrar em transe, diz ver um amigo imaginário no guarda-roupa e fica batendo a própria cabeça nas coisas. Enquanto Ebony tenta escapar da vigilância severa de Cynthia, ela luta para compreender o que há de errado com seus filhos. Enquanto isso, a única ajuda que tem é a da mãe, Alberta, que mal pode cuidar de si mesma, agora que está doente.

A história é baseada em eventos paranormais experimentados pela família Ammons em 2011, depois que se mudaram para uma residência em Gary, Indiana. Os eventos incluíam possessões demoníacas, levitações e comportamentos inexplicáveis que deixaram policiais, assistentes sociais e exorcistas desorientados. Ao mesmo tempo que mergulha no terror vivido pela família, o filme discute questões de desigualdade social e racial, trazendo reflexões sobre como o sobrenatural pode ressoar no plano material, especialmente para famílias mais fragilizadas e vulneráveis.

Apesar das tentativas, o filme não consegue se aprofundar em questões sociais, nem mesmo na história dos protagonistas. Glenn Close, que já foi indicada oito vezes ao Oscar e é uma atriz extraordinária, é desperdiçada em um papel aquém de seu talento. O filme não traz nenhuma conclusão impressionante ou inovadora ao gênero, somando-se ao volume de suspenses genéricos produzidos no cinema americano.


Filme: A Libertação
Direção: Lee Daniels
Ano: 2024
Gênero: Drama/Terror
Nota: 7