O filme “Noites Brutais”, concebido e dirigido por Zach Cregger, surge como uma proposta inovadora no gênero de terror. Embora o roteiro não seja uma adaptação direta de qualquer obra literária, a inspiração para a trama foi extraída do livro “The Gift of Fear: Survival Signals That Protect Us from Violence”, de Gavin de Becker. Este best-seller, que oferece uma visão sobre a identificação e a prevenção de situações de violência, influenciou Cregger a explorar a temática dos sinais de alerta em um contexto mais sombrio.
O livro de Becker é voltado principalmente para mulheres, adolescentes e crianças, ensinando-lhes a reconhecer e reagir a sinais de perigo. Cregger se viu inspirado por essas ideias para criar um curta-metragem que aborda uma mulher que ignora crescentes sinais de alerta. O projeto, que inicialmente parecia uma simples ideia, evoluiu e recebeu uma ampliação significativa em sua narrativa.
Apesar das rejeições iniciais de várias produtoras, incluindo a renomada A24, o filme conseguiu o financiamento de 4,5 milhões de dólares da 20th Century Fox. Este orçamento, considerado modesto para os padrões de Hollywood, contrastou com o sucesso comercial do filme, que arrecadou dez vezes seu valor inicial e foi amplamente elogiado pela crítica.
O roteiro de Cregger revela uma profundidade maior do que aparenta à primeira vista. A premissa, que pode não ser imediatamente clara, explora a ideia de que os verdadeiros monstros são os homens, enquanto as mulheres lutam para sobreviver em um mundo ameaçador.
A trama segue Tess (Georgina Campbell), que chega ao desolado bairro de Brightmoor, em Detroit, para uma entrevista de emprego. A atmosfera da noite chuvosa é ominosa e a busca por sua hospedagem alugada pelo Airbnb se torna cada vez mais angustiante. Quando Tess não encontra as chaves e não consegue contato com os responsáveis, a tensão aumenta. Ela percebe uma luz acesa na sala através da janela e, ao tocar a campainha, encontra Keith (Bill Skarsgard), outro hóspede. Keith permite que Tess entre e use o único quarto disponível. Embora inicialmente suspeito, Keith conquista a confiança de Tess com uma conversa amigável.
Na madrugada, Tess é despertada por barulhos e vê Keith tendo um pesadelo no sofá. O pânico de ambos é palpável, mas o clima de tensão só aumenta quando Tess percebe que o local pode esconder algo ainda mais sinistro.
No dia seguinte, Tess observa o bairro em ruínas e repleto de pichações, mas decide permanecer na casa. Enquanto explora o porão, encontra um quarto sórdido com uma cama e uma câmera, e fica trancada quando a porta se fecha sozinha. Perturbada, ela conta a Keith, que decide investigar e acaba desaparecendo.
Surpreendentemente, Tess descobre que o porão possui compartimentos secretos e um corredor assustador. Mesmo receosa, ela decide procurar Keith após ouvi-lo pedir socorro.
O filme faz um corte brusco e apresenta AJ (Justin Long), o verdadeiro proprietário da casa, um artista envolvido em um escândalo de assédio sexual. Ao retornar para casa e encontrar os pertences de Tess e Keith intactos há mais de duas semanas, ele decide ignorar a situação até ser atraído para o porão, onde descobre os horrores ocultos da casa.
“Noites Brutais” apresenta uma figura monstruosa no porão: uma mulher deformada e perturbada que anseia por um filho. À medida que a história revela a origem e o destino dessa personagem sombria, o filme aborda questões profundas sobre violência contra as mulheres e a hostilidade do mundo em que vivem.
Disponível na Netflix, “Noites Brutais” pode não ter alcançado o auge da sua ideia, mas o roteiro de Cregger oferece um potencial notável. É um filme de terror que mantém uma tensão constante, provocando reflexão sobre a violência e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres.
Filme: Noites Brutais
Direção: Zach Cregger
Ano: 2022
Gênero: Terror/Mistério/Suspense
Nota: 8/10