Comédia de ação com Sofia Boutella lidera a Netflix em agosto: 20 dias consecutivos no top 5 de 107 países Divulgação / Twentieth Century Fox

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A Kingsman, desde sua fundação em 1849, atua nos bastidores da história global, operando de maneira tão eficaz quanto enigmática. Suas origens envoltas em sombras explicam a disposição em adotar estratégias que, para muitos, beiram o questionável. Assim, não é surpresa que a organização recorra a um novo e improvável herói, cuja trajetória é tão nebulosa quanto a missão que lhe é confiada.

Matthew Vaughn, em “Kingsman: The Secret Service”, não abandona completamente o brilho da franquia, mas redireciona o foco para o sinistro mundo dos gangsters que ameaçam a estabilidade global. Ele entrelaça esses vilões com a longa e peculiar história da Kingsman, uma entidade que pode ser vista como uma versão irreverente e radical do MI6 ou FBI, sempre permeada por um senso de humor peculiar. A adaptação da graphic novel homônima de 2012, criada por Vaughn, Mark Millar e Dave Gibbons, preserva e amplifica o caráter anárquico da obra, mergulhando em um nonsense meticulosamente calculado. O sucesso da narrativa reside, em grande parte, na química do elenco, que foi selecionado com precisão para destacar as múltiplas camadas da história.

Em 1997, durante mais um conflito no conturbado Oriente Médio, o mundo parece à beira do colapso. A Kingsman, percebendo a magnitude da ameaça, decide reforçar suas fileiras com novos membros, inspirados nos lendários cavaleiros do Rei Artur. A sede da organização, camuflada como uma alfaiataria em Savile Row, Londres, serve como o cenário principal onde se desenrolam as tramas de Harry “Galahad” Hart e Gary “Eggsy” Unwin.

Colin Firth e Taron Egerton compartilham o protagonismo com maestria, formando uma dupla improvável, mas cativante. Egerton, com sua rebeldia inerente, encarna o papel de um jovem desajustado, em constante confronto com seu entorno. A trama, conduzida habilmente por Vaughn, Jane Goldman e Mark Millar, converge para a figura de Valentine, um bilionário excêntrico que planeja dominar o mundo através de uma conspiração tecnológica. Samuel L. Jackson dá vida a Valentine, entregando uma performance que, com nuances sutis, oscila entre o cômico e o aterrorizante, culminando em uma ameaça à humanidade que é tanto absurda quanto alarmante.

Vaughn equilibra com destreza a violência estilizada de “Kingsman: The Secret Service” com sua intrínseca veia satírica, algo evidente na atuação de Firth, que homenageia Harry Palmer, o espião rival de James Bond interpretado por Michael Caine. Embora existam alguns lapsos narrativos entre o início promissor e o desfecho explosivo, o filme se destaca pela energia de seu elenco, que se diverte e, por consequência, envolve o público em uma experiência cinematográfica memorável.


Filme: Kingsman: The Secret Service
Direção: Matthew Vaughn
Ano: 2014
Gêneros: Comédia/Ação 
Nota: 8/10