Com Brad Pitt, filme indicado a 161 prêmios, incluindo 3 Oscars, está na Netflix Scott Garfield / Paramount Pictures

Com Brad Pitt, filme indicado a 161 prêmios, incluindo 3 Oscars, está na Netflix

O cinema, essa arte multifacetada e rica em possibilidades, sempre exerceu um fascínio irresistível sobre o público, não apenas pelas histórias contadas nas telas, mas também pelos segredos que se desenrolam nos bastidores. Há pelo menos setenta anos, essa curiosidade pelo que acontece por trás das câmeras tem sido alimentada por narrativas que vão além dos filmes em si, explorando a complexidade do mundo cinematográfico.

Desde os pesados equipamentos de filmagem até os cenários artificiais, das divas transformadas em musas inalcançáveis aos galãs de terno elegante enfrentando perigos variados, a magia do cinema continua a capturar a imaginação dos espectadores. E isso inclui os cowboys e índios que lutam por riquezas escondidas em terras poeirentas.

Em “Babilônia”, Damien Chazelle faz uma clara alusão a “Cantando na Chuva” (1952), o aclamado musical de Gene Kelly e Stanley Donen que narra a trajetória de dois atores do cinema mudo confrontados com a chegada do cinema falado. No entanto, Chazelle se esforça para deixar sua própria marca ao longo dos extensos 190 minutos do filme, apoiando-se em um elenco harmonioso que confere um brilho novo até mesmo às cenas que podem parecer familiares. Em sua direção, o olhar do público nunca se perde, mesmo quando o caos parece reinar.

O caos, aliás, é um elemento central em “Babilônia”, refletindo a própria essência da produção cinematográfica. Logo na cena de abertura, Manny Torres, um jovem de origem mexicano-americana que vive em Los Angeles, tenta conduzir um elefante por uma estrada íngreme até Beverly Hills, onde uma festa extravagante espera por eles.

Este bacanal, financiado por um dos magnatas da Hollywood pré-Era de Ouro, serve como pano de fundo para o filme, que se desdobra sem medo de ousar, como fica evidente em uma cena de escatologia que, embora pareça gratuita à primeira vista, revela-se perfeitamente integrada ao contexto narrativo e, mais significativamente, às nuances subentendidas.

As grandes estrelas da Hollywood dos anos 1920 dançam livremente por trás das pesadas portas que Nellie LaRoy, aspirante a atriz, sonha em atravessar. Para conseguir isso, ela se passa por Billie Dove, uma ousadia para alguém que vive de bicos e pequenas apresentações em teatros obscuros da cidade.

É com a ajuda de Manny que Nellie finalmente consegue entrar, e a partir daí, os personagens de Diego Calva e Margot Robbie se entrelaçam na narrativa, alternando entre cenas juntos e separados, mas sempre com um propósito claro: ilustrar o ponto central de Chazelle.

O advento do som no cinema trouxe uma nova dimensão de desafios, onde qualquer barulho — o choque de pratos, latidos de cães, o som das folhas ao vento — poderia comprometer uma filmagem. Para Nellie, no entanto, essas dificuldades representam oportunidades, enquanto Jack Conrad, interpretado por Brad Pitt, começa a perceber a ameaça ao seu status de estrela.

Jack Conrad, com sua personificação de autoconfiança e magnetismo, representa a quintessência dos ídolos do cinema de todos os tempos. Pitt entrega uma performance que encapsula a vulnerabilidade escondida por trás da aparência de sucesso. Há cem anos, a introdução do som no cinema foi a grande adversidade; hoje, são as complexidades da fama moderna, com a proliferação de influenciadores digitais e a constante necessidade de se destacar.

Nesse cenário, atores realmente talentosos encontram-se cada vez mais desafiados a manter sua relevância. Figuras icônicas como Clara Bow ou Cary Grant são lembradas com saudade, representando uma era de glamour que parece estar se esvaindo em meio à rápida evolução das demandas da indústria do entretenimento.


Filme: Babilônia
Direção: Damien Chazelle
Ano: 2022
Gêneros: Drama/Comédia
Nota: 10