A estreia de Aline Brosh McKenna como diretora em um longa-metragem, “Na Sua Casa ou Na Minha”, traz à tona Ashton Kutcher e Reese Witherspoon em uma comédia romântica que vai além do rótulo. Explorando temas como paternidade, amadurecimento e realização profissional, o filme se debruça sobre as escolhas que moldam nossas vidas e as oportunidades que deixamos escapar.
Para quem não a conhece, McKenna é a mente por trás do roteiro de “O Diabo Veste Prada” e da série “Crazy Ex-Girlfriend”. Aqui, em “Na Sua Casa ou Na Minha”, seguimos a trajetória de Debbie (Witherspoon) e Peter (Kutcher), amigos de longa data que, após uma noite juntos, nunca conseguiram transformar a amizade em romance, talvez por serem tão diferentes. Peter, um homem alto, charmoso e bem-sucedido, tem dificuldade em manter relações duradouras, tanto amorosas quanto de amizade, com exceção de Debbie. Sua vida é marcada pela superficialidade, refletida até em sua casa impecável, mas sem vida. Sua carreira de escritor, antes uma grande ambição, foi substituída por um emprego como executivo, distanciando-o do que realmente ama: os livros, que também são o ponto de conexão com Debbie.
Debbie, por sua vez, trocou o sonho de trabalhar na área editorial por uma carreira em exatas. Divorciada e mãe dedicada, ela se desdobra para criar Jack (Wesley Kimmel), seu filho de 13 anos, de maneira organizada e estável, embora seu excesso de proteção a torne uma figura um tanto opressora. A história se desdobra quando Debbie precisa viajar para Nova York por uma semana e Peter se oferece para cuidar de Jack em Los Angeles. Essa troca de papéis traz à tona descobertas sobre si mesmos e sobre o que realmente desejam para suas vidas.
Jack experimenta pela primeira vez uma liberdade que nunca teve, enquanto Peter aprende a importância de se responsabilizar por outra pessoa. Paralelamente, Debbie conhece Minka (Zoe Chao), uma ex-namorada de Peter, que a ajuda a sair da sua zona de conforto e a se aproximar do editor Theo (Jesse Williams), com quem vive um romance passageiro. Theo se interessa por um manuscrito de Peter que Debbie encontra escondido, abrindo portas para ela no mercado editorial.
O cerne do filme está na descoberta de que ambos, ao saírem de suas rotinas e experimentarem a vida do outro, percebem que não estão realmente satisfeitos com o rumo de suas carreiras, mas foram confortáveis demais para mudar isso. A convivência mútua abre novos horizontes e reaviva sentimentos adormecidos entre os dois, criando a possibilidade de uma nova história juntos.
No entanto, “Na Sua Casa ou Na Minha” não está isento de críticas. Os estereótipos de gênero, bastante desgastados, são evidentes, e a falta de química entre Witherspoon e Kutcher, exacerbada pelo fato de que seus personagens só se encontram fisicamente duas vezes durante o filme, compromete um pouco a experiência.
Ainda assim, o filme tem seu charme. É um ‘comfort movie’, perfeito para desligar a mente das preocupações e se entregar a um enredo leve e previsível. Em uma era em que as comédias românticas se tornaram raridade, é revigorante e nostálgico reencontrar esse gênero nas telas. Embora repleto dos clichês característicos — amigos destinados a ficar juntos, mas que levam tempo demais para perceber isso — há algo reconfortante em uma história de amor complicada. Afinal, quem não gosta de um bom romance tortuoso?
Filme: Na Minha Casa ou Na Sua?
Direção: Aline Brosh McKeena
Ano: 2022
Gênero: Comédia/Romance
Nota: 7/10