Ação na Netflix foi assistido por 50 milhões de pessoas na semana de estreia Stanislav Honzik / Netflix

Ação na Netflix foi assistido por 50 milhões de pessoas na semana de estreia

A trajetória de personagens complexos e carismáticos, que combinam inteligência, humor e uma dose de excentricidade, tem sido uma constante no cinema, criando figuras que, apesar de suas inclinações para o crime, acabam cativando o público. “Exército de Ladrões: Invasão da Europa” segue essa tradição, trazendo à tona uma narrativa que, ao explorar o subgênero dos ladrões, se destaca por suas características próprias e uma abordagem renovada.

O protagonista Ludwig Dieter, interpretado e dirigido por Matthias Schweighöfer, estreou em “Army of the Dead” e rapidamente se tornou uma figura memorável no universo cinematográfico. Lançado em 29 de outubro de 2021, este filme se propõe como um prelúdio, um desdobramento que explora as origens do personagem central antes dos eventos ocorridos em Las Vegas. A trama do prequel se concentra em um roubo, distanciando-se dos zumbis que marcaram a produção original, e foca na habilidade de Dieter como arrombador de cofres. A narrativa assume um tom mais leve e linear, oferecendo um vislumbre mais profundo da vida e das motivações do protagonista, o que contrasta com a complexidade da história principal.

O desempenho de Schweighöfer é um dos pilares do filme. Seu carisma e habilidade como ator se refletem diretamente na dinâmica da história, proporcionando uma representação autêntica de Dieter. O enredo se desenvolve com ênfase nas aspirações e desafios do personagem, antes de se tornar um arrombador de cofres renomado. O contraste entre sua vida cotidiana em Berlim e sua jornada para se tornar um especialista em violação de cofres é explorado com cuidado, revelando as nuances de sua personalidade e a evolução de suas ambições.

O filme também levanta questões interessantes sobre a representação da sexualidade no cinema. Em “Army of the Dead”, o personagem Dieter exibia um possível interesse por homens, um detalhe que foi aparentemente modificado em “Exército de Ladrões”, onde ele se envolve romanticamente com Gwendoline, vivida por Nathalie Emmanuel. Essa mudança suscita uma reflexão sobre a representação e a percepção da sexualidade nas narrativas cinematográficas, especialmente considerando o contexto mais amplo das produções recentes e a pressão social em torno da inclusão e da diversidade.

“Exército de Ladrões” é influenciado por clássicos do subgênero de filmes de ladrões, como “Onze Homens e um Segredo” e “Cães de Aluguel”, além de ter ressonâncias com produções como “Rei dos Ladrões” e a icônica franquia “O Poderoso Chefão”. Embora o filme não busque reinventar o gênero, ele se destaca por sua execução visualmente rica e uma narrativa que, apesar de familiar, é habilmente estruturada. Cada elemento do filme tem um papel definido, contribuindo para uma reflexão sobre a futilidade do crime, mesmo quando apresentado de forma atraente.

O sucesso de “Exército de Ladrões: Invasão da Europa” pode ser atribuído ao equilíbrio entre uma narrativa envolvente e a profundidade dos personagens, bem como à habilidade de Schweighöfer tanto como ator quanto como diretor. O filme oferece uma visão detalhada e entretenedora do universo do arrombador de cofres, ao mesmo tempo que explora temas de forma sutil e provocativa. A trama se destaca por sua fluidez e pela forma como capta a essência do personagem principal, fazendo dele um entretenimento de qualidade que honra suas influências enquanto traz uma nova perspectiva ao gênero.


Filme: Exército de Ladrões: Invasão da Europa
Direção: Exército de Ladrões: Invasão da Europa
Ano: 2021
Gênero: Ação/Comédia/Policial
Nota: 8/10