“Céu Vermelho-Sangue” é um filme que pode não ser a escolha ideal para aqueles que têm medo de voar. O longa retrata um cenário de pesadelo em um voo transatlântico, onde terroristas mentalmente instáveis sequestram a aeronave, mas o terror não para por aí. Logo após o sequestro, um ataque vampírico desencadeia uma sequência de eventos ainda mais violentos. A brutalidade dos primeiros 30 minutos serve apenas como um prelúdio para o que está por vir, deixando claro que o filme não se poupa em termos de intensidade e violência.
Os sequestradores, impulsionados mais pela sede de sangue do que por qualquer plano lógico, parecem menos interessados em alcançar qualquer ganho financeiro e mais em extravasar sua crueldade. Esse comportamento irracional gera uma atmosfera de imprevisibilidade, tornando o cenário ainda mais caótico.
Entre os passageiros do voo está Nadja (Peri Baumeister), que viaja acompanhada de seu filho Elias (Carl Anton Koch), um garoto que, apesar da pouca idade, demonstra uma maturidade e independência incomuns. Nadja, que parece estar debilitada por uma doença grave, e Elias, tentam se esconder dos criminosos, mas são logo descobertos. Nadja é atingida por vários tiros, e todos, inclusive seu filho, acreditam que ela está morta. Porém, Nadja guarda um segredo que a diferencia dos demais.
O filme utiliza flashbacks para revelar gradualmente o passado de Nadja e a origem de sua condição peculiar. Quando seu marido, Nicolai (Lasse Myhr), desaparece ao tentar buscar ajuda após o carro da família quebrar em uma estrada nevada, Nadja se vê obrigada a sair com seu filho pequeno para encontrá-lo. No entanto, em vez de uma simples busca, ela é atacada por um vampiro, transformando-se em algo mais que humano. A partir desse ponto, o longa explora a luta de Nadja para controlar suas novas habilidades sobrenaturais, ao mesmo tempo em que tenta manter sua humanidade para proteger seu filho.
Quando a situação no avião se agrava, Nadja finalmente libera sua verdadeira natureza, desencadeando uma onda de vingança contra os sequestradores, que rapidamente percebem que escolheram o alvo errado. No entanto, essa reviravolta também espalha o pânico entre os outros passageiros, criando um ambiente de desespero e medo. O filme consegue, assim, equilibrar momentos de tensão extrema com um estudo mais profundo da personagem principal, abordando a luta interna de Nadja contra seus próprios “demônios” e o que isso significa para aqueles que ela ama.
Visualmente, Nadja como vampira é uma homenagem clara ao clássico “Nosferatu”, de F.W. Murnau. A maquiagem e os efeitos especiais trazem à tona uma figura que remete ao icônico Conde Orlock, com sua aparência sinistra: careca, olhos intensos, dedos alongados e dentes afiados. Essa referência não apenas enriquece a estética do filme, mas também cria um elo entre o cinema de horror alemão contemporâneo e suas raízes históricas.
Em termos de impacto, “Céu Vermelho-Sangue” já se consolidou como um dos maiores sucessos da Netflix na Alemanha, atingindo uma audiência impressionante de mais de 50 milhões de visualizações nas primeiras quatro semanas após o lançamento. O filme não só cativa com sua trama envolvente e ritmo frenético, mas também deixa o espectador em um estado de constante tensão. Com uma execução que combina ação ininterrupta e uma narrativa que vai além do horror superficial, “Céu Vermelho-Sangue” se destaca como um exemplo notável do gênero e oferece uma experiência cinematográfica que dificilmente será esquecida.
Filme: Céu Vermelho-Sangue
Direção: Peter Thorwarth
Ano: 2021
Gênero: Ação/Suspense/Drama
Nota: 8/10